Painel inaugurou programação dedicada ao áudio no Congresso da SET
Se o vídeo tem a capacidade de trazer o vislumbre de imagens que tiram o fôlego, é o áudio que traz a envolvimento do público e a emoção para as narrativas. Por isso, neste último dia de congresso da SET Expo, a sala 15 tornou-se o ponto de encontro para todos os profissionais que atuam com a produção de áudio para o mercado audiovisual.
Moderado por Rodrigo Meirelles, supervisor executivo de áudio da TV Globo, a programação da sala começou com um painel sobre áudio imersivo, reunindo representantes dos institutos de padronização Fraunhofer e Dolby, além da Avid, demonstrando as possibilidades de produção de áudio imersivo com diversos exemplos práticos.
Criadora de diversos padrões utilizados no mercado audiovisual, a Fraunhofer foi representada por Stefan Meltzer, gerente de desenvolvimento de negócios Broadcast, que focou-se em demonstrar o MPEG-H, proposta de padrão de áudio de próxima geração da associação que está sendo utilizado na Coreia e na China. Entre os casos apresentados, está a competição musical europeia Eurovision, com mix de 5.1.4 canais, o Open de Tênis da França, com mix de 5.1.4 canais transmitido via DVB-T2, e uma demonstração da NHK Open House.
Em seguida, Giovanni Asselta, engenheiro de soluções da América Latina da Dolby, mostrou os testes realizados com a tecnologia de som surround Dolby Atmos em terras brasileiras desde 2015. Do Rock in Rio naquela época até 2018, foram feitas coberturas com áudio imersivo de Carnavais, jogos de futebol e alguns episódios da novela Deus Salve o Rei em parceria com a Rede Globo e operadoras de TV a Cabo. Além disso, a animação Super Drags, da Netflix, deve ser a primeira produção totalmente brasileira que foi mixada em Dolby Atmos.
Como um laboratório que propõe padrões de áudio, a Dolby desenvolveu também seu padrão de codificação para transmissão, o AC-4 que foi abordado rapidamente durante a palestra. Segundo Asselta, Canada, Irlanda, Italia, México, Reino Unido e Estados Unidos já estão usando esse padrão.
Tanto o AC-4 quanto o MPEG-H tem a capacidade de entregar diversas configurações de áudio simultaneamente para os diversos dispositivos compatíveis, do mono ao imersivo baseado em canais, objetos ou cenas. Os padrões também oferecem a capacidade de interatividade no dispositivo-final, permitindo a escolha de configurações diferentes, como uma mix padrão ou uma reforçando os diálogos ou a ambiência, e até mesmo mixagens com narradores em uma língua de escolha do usuário.
Por fim, foi a vez de Eduardo Andrade, diretor comercial e especialista de soluções de áudio da Avid, mostrar as diversas possibilidades de uso do Avid MTRX, uma dispositivo que une interface de áudio e comutador de formatos em uma solução modular, com várias opções de cards para expandir suas capacidades em termos de processamento e entradas e saídas. Além da apresentação de diversos wokflows possíveis de produção de áudio imersivo, o profissional também indicou diversos plugins que auxiliam neste trabalho, como o Audio Particles, o Spatial Audio Designer, o DIspatial, o Spatialiser.
“Não podemos correr o risco de cometer o mesmo erro do 5.1 para TV, por exemplo, que é uma experiência sonora melhor que o estéreo mas que quase ninguém consome por diversos motivos”, disse Meirelles. “Ao mesmo tempo, a tecnologia de áudio imersivo só vai atingir a maturidade se esse conteúdo chegar em uma grande quantidade de pessoas e elas consumirem. Temos grandes expectativas que isso irá acontecer por causa dos soundbars, que são dispositivos muito mais simples de instalar do que um home theater, por exemplo, e também da experiência binaural que um fone de ouvido pode oferecer. Só assim que vamos atingir maturidade porque vamos discutir, teorizar, colocar em prática aquele tipo de proposta, tanto no contexto de uma produção com várias pessoas discutindo o tema, quanto no contexto de feedback dos espectadores”