‘Monsieur Aznavour’ foi um dos filmes selecionados para a categoria Industry Selects no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF). A produção francesa narra a trajetória do icônico cantor Charles Aznavour, abrangendo várias épocas, desde a década de 30 até os anos 1970. Entre triunfos e fracassos, de Paris a Nova York, o filme biográfico mergulha na jornada excepcional do artista.
Um dos criativos por trás de ‘Monsieur Aznavour’ é o diretor de fotografia Brecht Goyvaerts. Sua paixão pelo cinema começou na infância, ao observar o irmão mais velho revelando fotos no laboratório fotográfico. Anos depois, Goyvaerts se formou em cinema e começou a trabalhar em videoclipes, até migrar para a publicidade.
Mais de uma década depois, Goyvaerts se consolidou por seus trabalhos em filmes e séries de TV, como “Paris Police 1900” (2021) e “Black Spot” (2019). Para este projeto, Goyvaerts conta que foi contatado pelo produtor de linha Olivier Lagny, que acompanhava sua carreira. “Os diretores e produtores tinham alguns diretores de fotografia na lista, então tivemos reuniões individuais. A conexão foi imediata, e logo decidiram que eu seria a pessoa certa para o trabalho.”
Embora fosse sua primeira vez trabalhando com o diretor, ele achou a experiência envolvente. “Sempre é estranho e empolgante trabalhar com alguém novo. Você nunca sabe o que esperar, mas, ao longo do processo, vai descobrindo mais sobre a outra pessoa”, disse ele sobre a construção do relacionamento durante a produção.
Sobre as referências visuais iniciais e storyboards, Goyvaerts destacou a visão dos diretores, que buscavam uma estética que mesclasse cinema “internacional” e “americano tradicional”. “Tivemos longas discussões e sessões de brainstorming para entender como transmitir essa atmosfera. A história abrange várias décadas, e, apesar da tentação de criar um visual único para cada período, busquei evitar isso. Com mais de 60 cenários, trajes e mudanças de personagens, manter uma homogeneidade era essencial.”
Para orientar o público pelos períodos, Goyvaerts utilizou a iluminação como principal recurso. “Para as épocas iniciais, optei por fontes de tungstênio mais quentes, evoluindo para uma luz mais fria e dura conforme a história avançava. Tudo foi feito sutilmente, alinhando-se às paletas de cores dos cenários e figurinos.”
A colaboração entre o diretor de fotografia, o designer de produção e a equipe de VFX foi fundamental para o sucesso do projeto. “Tínhamos uma quantidade enorme de cenários para gerenciar, entre 60 e 70 no total, o que exigia uma preparação minuciosa”, explica Goyvaerts. Ele elogia o designer de produção Stephane Rozenbaum, que, segundo ele, fez um trabalho incrível entregando cenários impressionantes.
A equipe de VFX também enfrentou grandes desafios, desde a remoção de anacronismos até o rejuvenescimento e envelhecimento de personagens. “Eles precisaram ampliar ou criar cenários com pinturas matte e 3D. Sempre faço questão de colaborar e comunicar ao máximo para facilitar o trabalho deles, seja por meio da iluminação ou enquadramento.”
Para as filmagens de ‘Monsieur Aznavour’, Goyvaerts optou por gravar digitalmente devido ao grande volume de filmagens necessário. “Utilizamos a Arri Alexa LF Mini, principalmente com setups de câmera única, embora tenha havido vários dias de gravações com a unidade B.”
Admirador de longa data das lentes Cooke, Goyvaerts escolheu a série Cooke S7/i para obter um visual mais suave e humano. “O grande formato com a Alexa LF realçou a grandiosidade de certos cenários e deu um contraste moderno aos períodos mais antigos. Filmamos geralmente em f-stop 2.8 para evitar a profundidade de campo excessivamente rasa, que eu prefiro evitar.”
Para as cenas mais íntimas, nos bastidores e no palco, ele recorreu às lentes anamórficas da Cooke Anamorphic/i SF. “Queria estar mais próximo do personagem, ver as coisas sob sua perspectiva. Mudamos para o formato S35 para reduzir o campo de visão e intensificar essa sensação de proximidade.”
Embora muitos cenários fossem controlados, permitindo a criação de um visual cuidadosamente planejado, surgiram desafios. “Tínhamos controle total sobre a iluminação dos concertos, por exemplo, e visamos o realismo. Às vezes, superexponho janelas para realçar essa sensação de realismo, e as lentes Cooke S7 se saíram muito bem nesses testes.”
Durante o projeto, Goyvaerts gravitou em torno de distâncias focais específicas. “Usamos o filme inteiro com as lentes 32mm, 50mm e 65mm. Para as cenas anamórficas, minhas preferidas foram as 40mm e 50mm.”
Ele credita às lentes Cooke o equilíbrio entre modernidade e um toque humano. “As lentes Cooke me deram um visual que se alinha ao meu gosto pessoal. Elas são tecnicamente excelentes, confiáveis e oferecem uma suavidade nas imagens que eu adoro.”
Refletindo sobre o projeto, Goyvaerts destacou a importância da tecnologia, incluindo a /i Technology da Cooke, que permitiu capturar metadados das lentes ao longo das gravações. Esses dados foram valiosos para a equipe de VFX na pós-produção, facilitando o ajuste das tomadas. “A equipe de VFX ficou entusiasmada com todos os metadados que coletamos, o que facilitou combinar as cenas semanas depois.”
Com visão clara e colaboração, Goyvaerts trouxe ‘Monsieur Aznavour’ à vida, equilibrando precisão técnica moderna e uma beleza cinematográfica clássica.
Site relacionado: https://cookeoptics.com/
Acompanhe a Panorama Audiovisual no Facebook e YouTube