A turnê Road to Wembley, de Sam Ryder, serviu como um verdadeiro laboratório em condições reais para o novo ecossistema sem fio de banda larga Spectera, da Sennheiser. Ao longo de uma série de apresentações que começaram em clubes históricos e terminaram na OVO Arena Wembley, o sistema foi utilizado em ambientes de todos os portes, validando desempenho, confiabilidade e qualidade sonora em situações extremas.
Responsável pelo monitoramento, o engenheiro Jamie Hickey acompanhou Ryder nessa jornada que misturou espaços com capacidade para poucas centenas de pessoas e um show de grande escala em Wembley. A proposta da turnê foi revisitar locais marcantes do início da carreira do artista, com apresentações duplas em cada cidade, antes do encerramento em uma arena lotada, coincidindo com o lançamento do segundo álbum de estúdio de Ryder, Heartland.
Para Hickey, que soma duas décadas de experiência em monitoração ao vivo, a turnê representou a oportunidade ideal para colocar o Spectera à prova fora do contexto habitual de grandes eventos. Usuário antigo de sistemas Sennheiser, ele integrou o programa pioneiro da marca para testar a nova plataforma tanto em palcos compactos quanto em uma produção de arena completa, mantendo exatamente o mesmo setup ao longo de toda a estrada.
Segundo o engenheiro, a principal impressão desde o primeiro uso foi a ausência total de ruído de fundo, algo que muda de forma significativa a experiência de monitoração. A resposta em frequência e a imagem estéreo também chamaram atenção, especialmente em reverbs, teclados e guitarras, que ganharam profundidade inédita em sistemas de in-ear. Para ele, trata-se da primeira experiência de estéreo real em IEMs aplicada a uma turnê completa.
O sistema utilizado contou com uma base Spectera, quatro antenas DAD operando em dois canais de TV de 8 MHz e 18 bodypacks SEK, além de microfones Sennheiser de diferentes modelos para vozes e instrumentos. Mesmo com esse conjunto relativamente compacto, o desempenho se manteve consistente em locais com infraestrutura antiga, paredes espessas e limitações de espaço, comuns em clubes históricos do Reino Unido.
Ao chegar a Wembley, o Spectera foi levado ao limite em termos de capacidade. Hickey operou 13 mixes estéreo de in-ear para músicos, equipe técnica e gestão, além de bodypacks configurados também como transmissores. Apesar da complexidade, o sistema manteve estabilidade e ainda apresentou margem para expansão, segundo o engenheiro.
A cobertura de RF na arena foi um dos pontos mais impressionantes. Hickey relata que conseguiu realizar checagens de linha com músicos posicionados a cerca de 80 metros de distância, em camarins cercados por concreto, algo que ele define como a melhor cobertura que já experimentou em toda a carreira.
Outro destaque foi a capacidade bidirecional do Spectera, que permite que cada bodypack funcione simultaneamente como transmissor de microfone e receptor de monitoração. Essa flexibilidade foi usada, por exemplo, em uma participação especial no show de Wembley, quando o antigo professor de guitarra de Sam Ryder subiu ao palco e teve seu sinal roteado de forma integrada pelo sistema, com latência extremamente baixa e sem comprometer a performance.
A reação dos músicos foi imediata e positiva. Mesmo integrantes mais tradicionais, como o naipe de cordas, destacaram a clareza e a segurança proporcionadas pelo sistema, especialmente em um palco de grande pressão emocional como Wembley. Para Hickey, o impacto foi tão perceptível que rapidamente deixou de ser novidade e passou a ser apenas parte natural do fluxo de trabalho.
O suporte técnico da Sennheiser também foi citado como decisivo ao longo de toda a turnê, com acompanhamento próximo desde a implementação inicial até ajustes finos de RF e integração com protocolos como Dante e MADI.
Ao final da Road to Wembley, Jamie Hickey resume a experiência como um divisor de águas. Para ele, o Spectera mostrou que é possível unificar microfones e monitoração em um único ecossistema, com qualidade sonora elevada, flexibilidade operacional e confiabilidade tanto em clubes quanto em arenas. Na avaliação do engenheiro, trata-se de uma mudança profunda na forma como sistemas sem fio podem ser pensados e utilizados em produções ao vivo.
Foto: Jenny Hodge
Site relacionado: http://www.sennheiser.com/
Acompanhe a Panorama Audiovisual no Facebook e YouTube