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Filme de terror Kriya colorizado com DaVinci Resolve Studio

Por Ricardo Batalha

Diretor Sidharth Srinivasan tinha um visual e tom avermelhado e claustrofóbico específico em mente para o filme e sabia que conseguiria alcançá-lo na pós-produção

A Blackmagic Design revelou que “Kriya”, o novo filme de terror do premiado cineasta Sidharth Srinivasan, foi colorizado com o DaVinci Resolve Studio. As cores deste tenso filme de horror foram finalizadas por Divya Kehr, colorista baseada em Dheli, e a estreia do filme ocorreu na edição virtual do festival de cinema Fantasia 2020.

“Kriya” é a odisseia pesadelo de um jovem DJ chamado Neel que é apanhado pela bela Sitara numa noite fatídica, apenas para ser projetado em um mundo de magia ritual alucinatório que envolve a morte iminente do pai da moça. Depois de 10 dias de filmagens noturnas em uma mansão colonial de 150 anos na Índia em setembro de 2018, o filme estreou em competição no Fantasia 2020.

O diretor Sidharth Srinivasan tinha um visual e tom avermelhado e claustrofóbico específico em mente para o filme e sabia que conseguiria alcançá-lo na pós-produção.

“Filmar por apenas 10 noites em uma única locação fez das filmagens uma panela de pressão e uma corrida contra o relógio. Já era uma tarefa hercúlea apenas concluir as filmagens de ‘Kriya’ a tempo e estávamos certos de que o visual do filme surgiria na pós, durante a gradação”, disse Srinivasan. “Por fim, eu acho que Divya e eu chegamos ao visual final do filme atravessando um período doloroso, mas gratificante, de dois meses de erros e acertos, que resultaram em um visual muito terroso, escuro e de alto contraste com os tons vermelhos predominando. Um filme de terror quente, digamos assim.”

“O Resolve cuidou de todo o trabalho pesado durante a colorização, proporcionando uma experiência muito fluida para mim, como diretor, e permitiu fazer testes e iniciar um diálogo com as imagens junto com a Divya. Não foi desvantagem que ela já estivesse extremamente confortável com o Resolve e nem que tivesse um senso estético um tanto refinado. A beleza disso era que o visual final do filme, embora seja altamente estilizado, foi ditado organicamente pelas filmagens originais e ficou muito natural. Gostaria de acreditar que nós conseguimos alcançar um tom sepia escuro, mas colorido, se isso faz sentido. Para ser honesto, a Divya elevou as imagens ao máximo e o Resolve foi instrumental ao ajudá-la a conseguir isso”, disse.

“Eu sempre enxerguei o cinema moderno, especialmente o gênero de terror, como algo que ressoasse mais com a imaginação do público do que com algo que seja propriamente exibido no filme. O filme, ou melhor, o assunto filmado, é apenas a indicação que é entreposta na mente do público, enquanto o verdadeiro efeito é o da interpretação que a mente deriva das indicações oferecidas. Com a capacidade do Resolve de ajustar a profundidade e o matiz das cores do filme, nós conseguimos aumentar a tensão oculta que queríamos retratar”, disse Kehr.

O filme consiste principalmente em planos médios fechados e close ups, com muitos primeiríssimos planos para manter um clima claustrofóbico. Ao longo do filme, Srinivasan e Kehr evitaram uma tonalidade de filme de terror genérica em azul/verde e trabalharam para forçar um clima de escuridão em todos os planos.

“O tom vermelho do filme subconscientemente evoca emoções viscerais, passionais e violentas. Um aviso para permanecer alerta ou você poderá se queimar e, por extensão, uma sensação de inércia, de não ter a capacidade de escapar por mais que não desista de tentar”, Srinivasan continuou.

Para conseguir esse look, Kehr explicou que Srinivasan solicitou que ela usasse sombras e tons de pele. “Como diz o ditado ‘Não é do escuro que temos medo, é do que está escondido nele.’ Sid queria inovar com um filme superescuro e com uso excessivo de sombras. Então brincamos muito com a janela log no Resolve para ajustar as sombras e realces.

Esse uso das sombras tornou os planos mais claustrofóbicos. Tínhamos que usar vinhetas apertadas na maioria dos primeiros planos e planos médios e ainda tínhamos uma janela para rastrear o rosto de todo mundo e aumentar as sombras conformemente, já que os tons de pele eram ligeiramente diferentes.”

Um dos planos mais dramáticos no filme é o do pai morto da protagonista andando vagarosamente por um corredor escuro com os olhos escancarados e coberto de sangue. Utilizado no trailer e em todos os materiais do kit de imprensa do filme, o plano era incrivelmente importante para definir o clima do filme para o público logo no início.

“Não queríamos que a imagem ficasse escura e monótona e sim escura e dramática. A janela de curva nos ofereceu controle sobre todos os realces dela. A sala inteira parecia estar iluminada pela luz do fogo. Tivemos que aumentar os detalhes de tons médios nesse plano para destacar mais o sangue. Escurecer o plano tinha deixado o sangue com uma cor quase preta, então também chaveamos um pouco dele e usamos um nó paralelo para avermelhá-lo novamente. A janela da curva de luminância do Resolve funcionou muito bem para conseguir a cor certa para o sangue em todos os planos”, explicou Kehr.

“Sim, no fim, eu fiquei muito contente com aquele plano. Meus DFs Karan Thapliyal, Lakshman Anand e eu estávamos muito contentes com os resultados em locação também. Tudo simplesmente se encaixou; o tom de pele do ator, a iluminação e o sangue falso. O Karan gravou aquela cena em um gimbal em um corredor aberto enorme na mansão, que de um lado era virado para o mundo exterior. Obviamente, esmagamos muito os pretos no Resolve, escurecendo o sangue, mas como o líquido também estava refletindo a luz, ficou muito realista.”

“Divya e eu colaboramos muito proximamente na colorização de ‘Kriya’. Nunca será demais sublinhar o quanto a proficiência dela com o Resolve foi vantajosa para o visual e o tom definitivos do filme, um fato que também já foi reconhecido por muitas críticas do filme. Pessoalmente, acho que o Resolve permitiu que eu traduzisse os meus próprios demônios pessoais para a imagem, em termos das cores. Eu realmente fiquei impressionado com a forma como o software consegue interpretar o que está se passando nos olhos da sua mente com tanta facilidade, o que é normalmente indescritível, e depois ele consegue entregar isso em visuais concretos”, concluiu.

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