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José Roberto Maluf: entrevista com o presidente da Fundação Padre Anchieta

Por Redação

Presidente da Fundação Padre Anchieta fala sobre a TV Cultura Digital, que está próxima de atingir a marca de 1 milhão de inscritos e tem mais de 310 milhões de visualizações

As emissoras de TV aberta estão investindo cada vez mais na interatividade com seus espectadores para ampliar o alcance no ambiente digital. Exemplo disso é a TV Cultura, rede de TV pública sediada em São Paulo, que tem obtido resultados expressivos nas mídias digitais. Somente o canal no Youtube, o TV Cultura Digital, está próximo a atingir a marca de 1 milhão de inscritos e tem mais de 310 milhões de visualizações. Hoje, o núcleo digital é uma das principais apostas da emissora e conta com uma equipe totalmente dedicada às ações online. Para saber os detalhes dessa transição, que prevê o aumento da produção de conteúdo para o digital, conversamos com José Roberto Maluf, presidente da Fundação Padre Anchieta, detentora da TV Cultura e das emissoras de Rádio Cultura de SP, AM e FM, entre outras mídias. Segundo ele, a tendência é produzir ainda mais conteúdo assertivo e de valor para que esses números só se multipliquem.

PAV: Como a TV Cultura usa o ambiente digital para complementar a programação linear hoje?
José Roberto Maluf: Estruturado para fomentar o canal de interação entre a TV Cultura e seus telespectadores, com transmissões, entrevistas ao vivo e criação de produtos independentes dos exibidos na grade da TV, o Núcleo Digital da emissora vem em constante transformação e inovação – não só no que diz respeito a conteúdo, como também à linguagem. Atrelado à missão da Cultura de democratizar a informação, o ambiente digital complementa a programação do canal paulista nos mais diversos sentidos. Diariamente, são divulgados e disponibilizados conteúdos em diferentes plataformas, como Facebook, Twitter, Instagram e YouTube, além do aplicativo Cultura Digital, com o objetivo de tornar suas produções ainda mais acessíveis ao público, que nitidamente não está mais só na televisão.

PAV: Entre os programas criados exclusivamente para as plataformas digitais, quais se destacam?
Maluf: Mais do que disponibilizar o conteúdo da programação em diferentes plataformas, existe também a preocupação de trazer criações inéditas exclusivas para o digital, como é o caso das diversas temporadas do Cultura no Mundo – incluindo a que está sendo publicada agora, Cultura nas Maldivas – e o Marcas & Cidadania, que contou com o apoio da Samsung, totalmente formuladas para dialogar com esse novo público. Afinal, nossos espectadores do mundo digital são diferentes do espectador da TV, com diferenças de idade, de pensamento, de formas de enxergar o mundo. Isso muda a linguagem, o formato de entrega.

PAV: A emissora tem novos projetos de conteúdo para o ambiente digital?
Maluf: Após lançar projetos como Cultura na Rússia, Cultura em Nova York, Cultura nas Maldivas, Urbanite e Marcas & Cidadania, a TV Cultura já prevê próximos trabalhos com conteúdos exclusivos não só para o YouTube, como também para novas e diferentes plataformas, que estão sendo estudados e elaborados para dialogar diretamente com o público que nos acompanha pelas mídias digitais. Atualmente, a emissora também vem desenvolvendo, até mesmo em sua grade de TV, programas com formatos que os tornam muito mais próximos dos espectadores a partir da interatividade pelo ambiente digital.

PAV: Quais programas já aproximam os espectadores a partir da interatividade?
Maluf: Por meio do Twitter, por exemplo, estimulamos as discussões debatidas nos programas ao vivo, como o Jornal da Cultura e o Roda Viva, que costumam ficar nos Trending Topics tanto do Brasil, quanto do mundo. O Roda Viva com o jornalista Glenn Greenwald, exibido no dia 2 de setembro, por exemplo, ficou em 1º lugar nos Trending Topics mundial no Twitter.

PAV: Recentemente, a Globo lançou novos podcasts com conteúdo inédito gratuito. A TV Cultura tem planos de lançar podcasts com conteúdo inédito também?
Maluf: Sim. Diversos projetos já estão sendo planejados, em paralelo a outros que estão em fase de produção, e em breve estarão disponíveis para o público em formato de podcast com conteúdos inéditos.

PAV: O canal TV Cultura Digital no Youtube tem números expressivos, quais são os resultados do investimento na plataforma até agora?
Maluf: Uma das principais apostas da TV Cultura atualmente, o núcleo digital tem estado em constante aperfeiçoamento de estratégias, contando com uma equipe totalmente dedicada às ações online. Isso porque, para se ter ideia, somente no canal TV Cultura Digital, que está próximo a atingir a marca de 1 milhão de inscritos, somam-se mais de 310 milhões de visualizações. Sem contar o ritmo de crescimento do Quintal da Cultura e do Roda Viva, que estão próximos dos 800 mil inscritos, rumo a 1 milhão. Esses números mostram que toda dedicação investida vem conquistando diariamente a nossa grande meta: cultura, educação e informação de qualidade ao público da TV Cultura, que cresce a cada dia nas redes sociais. E a tendência é produzir ainda mais conteúdo assertivo e de valor, para que esses números só se multipliquem.

“O programa Roda Viva com o jornalista Glenn Greenwald, exibido no dia 2 de setembro, por exemplo, ficou em 1º lugar nos Trending Topics mundial no Twitter.”

PAV: Como a TV Cultura utiliza as mídias digitais para aumentar o interesse e a interação com a audiência?
Maluf: A TV Cultura é uma emissora que, com certeza, pode se orgulhar de seus conteúdos, produzidos para diferentes plataformas. Por isso, a Cultura conta com um núcleo de conteúdo digital especializado no assunto e focado em interação. Ao longo dos últimos anos, foram criadas diversas ferramentas para fortalecer a interatividade com a audiência. Agora, nossa missão é, mais do que aprimorar o que já foi desenvolvido, originar novos projetos, novas ferramentas de interação e gerar conteúdo para novas plataformas de tecnologia que ainda não nasceram, mas já estão por vir.

PAV: Quais experiências como destacaria no uso das mídias digitais para aumentar a interação com a audiência?
Maluf: A exemplo disso, temos os tweets na tela dos programas; cobertura ao vivo dos jornais e do Roda Viva pelo Twitter; votações como no Opinião Nacional; lives no Facebook, como as do Quintal da Cultura, no Instagram, como a do Torneio Internacional de Futebol Feminino, e no YouTube, como a do Café Filosófico; quadros destacando comentários ou exibindo fotos enviadas pelo público no Quintal da Cultura; experiências em 360º no cenário do Roda Viva em primeira mão para os internautas; perguntas para os convidados do #Provocações; e muito mais.

PAV: Como a emissora se vê no digital daqui a cinco anos?
Maluf: Atualmente, vivemos em um mundo de transições. Cinco anos para o universo do digital é um período enorme, difícil de prever, uma vez que, neste ambiente, a cada dia surge uma novidade, uma nova ferramenta, uma nova mudança nos algoritmos. Por isso, o nosso foco precisa estar na qualidade e na credibilidade do conteúdo que disponibilizamos nestas plataformas, da mesma maneira que seguimos lidando ao longo dos últimos 50 anos com o conteúdo na TV. Seguiremos com o objetivo de aumentar o alcance do nosso conteúdo no digital, de mantermos as nossas marcas vivas nas mais diversas plataformas, sempre lembrando a nossa missão de contribuir para a formação do cidadão brasileiro.

PAV: Qual é o futuro da TV aberta?
Maluf: A TV Aberta, longe de fechar as portas, mostra um vigor incomum, precisando se adaptar aos novos tempos. Os EUA têm recuperado a audiência e cresce no faturamento publicitário. No Brasil, 70% da população não têm televisão paga (em queda) e nem aplicativos, restando à TV Aberta o papel de preencher o lazer, a informação, a educação e a cultura (pilares desta emissora) da população. No nosso caso, a emissora aberta participará de grandes portais, junto com outros conteúdos da Fundação Padre Anchieta.

Foto: Bruna Serra

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