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NAGRA: o ataque é a melhor defesa contra piratas da pirataria esportiva

Por Ricardo Batalha

Por Pascal Métral (*)

Como a pandemia interrompeu os esportes ao vivo, as operadoras de TV paga tiveram que se adaptar de várias maneiras para reduzir as perdas de receita, pois os assinantes de pacotes esportivos premium ao vivo optaram por cancelar ou suspender as assinaturas. Muitas utilizaram conteúdo de arquivo e reexibições de eventos esportivos como uma estratégia para manter o interesse do público, dando aos torcedores algo pela qual aguardar, como foi o caso da Premier League inglesa ( EPL).

Agora, os esportes ao vivo começam a retornar às telas, representando uma volta gradual à normalidade para as operadoras de TV paga, que buscam reconstruir a receita e se recuperar das perdas significativas que a pandemia causou. Para criar uma aparência de normalidade, vale até adotar medidas inovadoras para recriar a atmosfera tradicional, como fez a EPL ao transmitir o ruído falso de torcedores junto com sua transmissão. Apesar da obrigatoriedade de estádios vazios, a iniciativa mostra como a tecnologia pode auxiliar e trazer os espectadores de volta. Também há quem opte por adaptar estruturas de preços para tentar atrair os telespectadores de volta sem pedir que eles invistam a mesma quantia de antes.

Agora, os esportes ao vivo começam a retornar às telas, representando uma volta gradual à normalidade para as operadoras de TV paga, que buscam reconstruir a receita e se recuperar das perdas significativas que a pandemia causou.

No entanto, os operadores e os detentores de direitos não são os únicos a reiniciar as atividades à medida que os esportes se recuperam – os piratas comerciais também estão procurando tirar proveito de listas de jogos e aumentando a atividade quando uma oferta repentina de esportes ao vivo atende a uma demanda sem precedentes dos torcedores ansiosos para pôr em dia meses de entretenimento perdido.

Os operadores e proprietários de conteúdo precisam agir rapidamente para se proteger. A implementação de tecnologias, como a marca d’água forense para identificar rapidamente fluxos ilegais e a origem do vazamento como parte de uma série de medidas de segurança avançadas, permite que os players protejam o valor de seu conteúdo. Interromper essas transmissões ilegais rapidamente é vital para o conteúdo de esportes ao vivo. No entanto, a tecnologia deve ser uma parte da estratégia de proteção de uma operadora. Para seguir o mantra esportivo frequentemente usado – “às vezes, a melhor defesa é um bom ataque”.

Para seguir o mantra esportivo frequentemente usado – “às vezes, a melhor defesa é um bom ataque”.

Os piratas estão aprimorando suas tecnologias na mesma proporção que os provedores de serviços legítimos, muitas vezes mudando sua transmissão para outro servidor e voltar a ficar online em minutos, caso tenham seus sinais interrompidos. Nessa corrida, é fundamental que os operadores estejam sempre à frente. O bloqueio de IP, bloqueio de site e redirecionamento de DNS têm uma função a cumprir, principalmente para os detentores de direitos esportivos. Para que as atividades antipirataria da indústria sejam realmente bem-sucedidas, é necessário o apoio de órgãos legislativos em vários países e regiões para desenvolver estruturas jurídicas que permitam a governos ou tribunais emitir ordens de bloqueio contra sites piratas de esportes ao vivo e sites de vídeo sob demanda; interromper a grande quantidade de serviços ilegais; e tomar medidas legais contra os criminosos que operam esses sites. Da colaboração com governos em todo o mundo deriva a possibilidade de remover a capacidade dos piratas de se hospedarem em diferentes jurisdições e continuar roubando serviços.

No sudeste da Ásia, estamos começando a ver os governos reconhecerem a eficácia do bloqueio de sites e trabalhar com a indústria para bloquear sites e aplicativos ilícitos. Na Indonésia e na Malásia, os processos regulatórios simplificados foram particularmente eficazes com mudanças perceptíveis nos hábitos de visualização do consumidor, migrando de sites de pirataria para serviços confiáveis e seguros. De acordo com uma pesquisa YouGov Indonésia de junho de 2020, 50% dos consumidores que perceberam que um serviço de pirataria foi bloqueado pelas autoridades afirmaram que não acessaram mais esses serviços, com 34% declarando que agora raramente os acessam. A Tailândia recentemente aprimorou suas disposições de bloqueio de sites, no Vietnã o bloqueio está em um estágio inicial e o governo das Filipinas está trabalhando atualmente com a indústria para implementar um protocolo regulatório de bloqueio de sites. Espera-se que outros países do Sudeste Asiático também tomem nota e sigam o exemplo.

De acordo com uma pesquisa YouGov Indonésia de junho de 2020, 50% dos consumidores que perceberam que um serviço de pirataria foi bloqueado pelas autoridades afirmaram que não acessaram mais esses serviços.

Além disso, em parceria com as autoridades locais, a remoção de grandes empresas piratas comerciais pode ser muito eficaz, ajudando a detê-las antes que possam transmitir esportes ao vivo e desvalorizá-los totalmente. A recente colaboração entre a NAGRA, a German Football League (DFL), the Spanish Football League (La Liga), Nordic Content Protection, the Alliance for Creativity and Entertainment (ACE), Spanish law enforcement, Europol and Eurojust, resultou na eliminação efetiva de uma pirataria com sede na Espanha (mas operada em todo o mundo), gerando lucros superiores a € 15 milhões e causando danos muito maiores à indústria de conteúdo.

Essa rede pirata em particular ofereceu mais de 40 mil canais de vídeo e conteúdo VOD, incluindo uma ampla variedade de eventos esportivos, com mais de 50 servidores piratas localizados em vários países da Europa e de outros continentes. Um trabalho com maior colaboração entre operadoras, proprietários de conteúdo, detentores de direitos e governos é extremamente necessário. Felizmente, a colaboração intrassetorial e com governos, policiais e proprietários de conteúdo, mostrou como esses esforços podem ter um impacto tangível em impedir a disseminação da pirataria comercial e responsabilizar os responsáveis.

Mas uma estratégia antipirataria de sucesso não depende apenas de uma ferramenta. É parte de uma solução holística e personalizada que incorpora táticas ofensivas e defensivas para enfrentar os desafios de uma infinidade de ameaças. Quer se trate de adotar medidas para educar os consumidores sobre o impacto da pirataria, fazer lobby no governo por legislação, trabalhar diretamente com as autoridades policiais ou empregar tecnologias por meio do serviço, a melhor estratégia antipirataria tanto protege quanto revida.

Pascal Métral

Vice-presidente de assuntos legais, chefe de inteligência anti-pirataria, investigações e litígios

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