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Nova fronteira de transmissão do futebol mostra como clubes estão conquistando torcedores diretamente

Kevin Emmott relata como dois clubes de futebol ingleses estão indo diretamente ao encontro de suas torcidas com a produção de conteúdo

Por Ricardo Batalha

No dinâmico cenário da mídia esportiva, o futebol tem se destacado ao adotar o modelo DTC (direto ao consumidor), deixando para trás a cobertura de terceiros e os destaques esporádicos. Agora, os clubes de futebol, desde os grandes da Premier League até os times locais, estão transmitindo suas próprias histórias, criando impérios de conteúdo para engajar torcedores e gerar receita.

A mudança não é apenas uma questão de estratégia, mas também de sobrevivência. No passado, os torcedores de futebol tinham poucas opções para acompanhar o esporte: jornais, rádio ou linhas telefônicas de custo elevado. Hoje, esse modelo foi transformado. Com as redes sociais e a tecnologia de streaming acessível, os clubes podem transmitir diretamente para seus torcedores, sem a necessidade de intermediários da mídia tradicional. E, o mais importante, os torcedores, especialmente os mais jovens, agora esperam por isso.

Poucos clubes abraçaram essa transformação de forma mais completa do que o Manchester City. Os campeões da Premier League criaram uma operação de mídia interna que rivaliza com algumas das principais emissoras nacionais. O City Studios conta com dois estúdios de produção de última geração, um em seu centro de treinamento e outro no Etihad Stadium. Um terceiro estúdio já está em desenvolvimento como parte da expansão da North Stand do estádio. Com uma equipe criativa de mais de 80 profissionais, a produção do Manchester City é prolífica. Sua série documental Together: Treble Winners, que estreou na Netflix em abril de 2024, foi inteiramente autoproduzida, um feito inédito na indústria.

A 80 quilômetros ao sul, uma história diferente está sendo escrita com o mesmo objetivo em mente. O Newcastle Town FC, que compete na Northern Premier League Division One South East, pode não ter os recursos do Manchester City, mas sua ambição é surpreendentemente semelhante. Enfrentando uma forte concorrência local, o clube fez do conteúdo direto ao consumidor uma parte essencial de sua estratégia de crescimento.

“Para nós, a produção de conteúdo é algo inegociável”, diz Gavin Appleby, presidente do Newcastle Town. “O clube tem produzido seu próprio conteúdo multimídia desde 2012 e desenvolveu suas contas com uma variedade de conteúdos em todas as plataformas.”

Ao contrário dos clubes da Premier League, a operação do Newcastle Town é impulsionada por voluntários e parcerias com universidades. Usando câmeras VEO emprestadas, GoPros, smartphones e softwares de edição gratuitos, sua pequena equipe conta histórias das categorias de base aos times profissionais, capturando toda a essência do clube. Apesar da estrutura limitada, o impacto é inegável: cada postagem, clipe ou transmissão ao vivo aproxima os torcedores e aumenta as vendas de ingressos.

Appleby acrescenta: “Aprendemos que precisamos investir tanto em equipamentos quanto em pessoal se quisermos melhorar, porque deixar isso como um projeto eventual para outra pessoa não funciona tão bem. Precisa de foco e esforço reais.”

Na outra ponta da pirâmide, John De Caux, chefe de conteúdo do time principal do Manchester City, ressalta a importância da integração cultural na abordagem do clube. Sua equipe de produção não apenas filma; ela desempenha um papel crucial no ecossistema. “Acho que o mais importante agora é que somos vistos pela gestão como parte da equipe de apoio, e não como um time de conteúdo”, diz ele. “Assim como eles têm médicos e chefs especializados, eles nos veem como videomakers especializados.”

O resultado disso não é apenas conteúdo envolvente, mas confiança, que é a base para uma narrativa eficaz. Para os clubes de elite, o conteúdo impulsiona o crescimento da base global de torcedores e o retorno comercial. Para clubes menores, é a diferença entre desaparecer na irrelevância e se manter vivo.

À medida que as expectativas aumentam e a competição se intensifica em todas as divisões, o conteúdo direto ao consumidor deixou de ser algo opcional, agora é fundamental. Seja para 55 mil torcedores no Etihad ou 500 no Red Industries Stadium, uma coisa é clara: o jogo de transmissões mudou para sempre, e o futebol está totalmente imerso nisso.

Fonte: https://www.ibc.org

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