Painel reuniu operadoras e fornecedoras de serviço para debater temas como uso de dados e privacidade.
Com uma programação mais focada na tecnologia telecom, o congresso da Futurecom 2018 dedicou um painel de seu segundo dia para debater tecnologia e tendências do segmento de OTT. Reunindo representantes de operadoras como Vivo e OI, as operadoras de serviços OTT Globoplay e Record e a empresa de infraestrutura Sambatech, o encontro elencou temas como o novo fluxo de trabalho de entrega de conteúdo e curadoria em uma era de dados e temas da privacidade do usuário.
“Em termos de modelo de entrega, há uma troca no fluxo de trabalho da própria aprovação de como funciona a plataforma”, começou Teresa Penna, head de negócios e operações da Globoplay. “Hoje, reunimos dados dos usuários para medir em tempo real qualquer decisão que tomamos com a plataforma, não existindo mais as instâncias de aprovação de executivos, por exemplo”.
De acordo com a executiva, a plataforma de OTT da Globo têm trabalhado com cientistas de dados para garantir o uso inteligente dos dados dos usuários na hora da atrair espectadores. “Temos nosso algoritmo de aquisição que trabalha alimentado por dados de costume dos usuários que não são assinantes pagos, como por exemplo, oferecer o pacote de assinatura para quem está vendo trechos de novelas, com o gancho da possibilidade de ver capítulos na íntegra. Este tipo de ação garante um aumento até 20% em novos usuários”, explicou Penna.
Claro que o debate não poderia deixar de lado também a questão da segurança de dados e privacidade do usuário com relação ao uso destes dados. “Na verdade o ponto principal é a qualidade do serviço prestado”, explicou Roberto Guenzburger, diretor de mobilidade e conteúdo da operadora OI. De acordo com o executivo, há uma disposição do usuário em ceder seus dados em troca de um serviço de alta qualidade. “O segredo é que esta curadoria e conteúdos personalizados oferecidos em troca, sejam de fato de alta qualidade, para que o usuário sinta que de fato está recebendo algo em troca”, afirmou.
Operadoras X OTT
Destoando da tônica dos últimos anos, em que vimos operadoras de telecomunicações fazendo lobby contra operadoras de OTT, a postura dos debatedores revelou uma mudança na mentalidade do mercado. Fernando Luciano, diretor de serviços digitais e inovação da VIVO revelou algumas parcerias recentes com serviços OTT benéficos para a própria operação. “Tivemos, por exemplo, uma parceria para ofercer a assinatura do serviço de streaming da NBA com 40% de desconto para nossos usuários e conseguimos ampliar em 216% o alcance deste conteúdo, o que foi benéfico para a NBA, para nosso usuário e para a VIVO que pode aliar-se a uma marca forte e bem vista globalmente”, afirmou.
Já Guenzburger foi ainda mais longe, afirmando que cerca de 70% de todos os dados trafegados nas redes da OI vem de três serviços de OTT. “Ter parceria com estas empresas é essencial para que o conteúdo deles esteja mais próximo de nossa rede, e assim possamos oferecer uma experiência mais rápida e melhor para nossos assinantes, o que no final reverte na retenção destes assinantes”, afirmou. O executivo da OI ainda levantou os desafios para ampliar ainda mais o alcance das redes no Brasil, sobretudo em 4.5G e 5G, sugerindo que as empresas de OTT deveriam ser parceiras das operadoras para o investimento nesta infraestrutura.