O longa-metragem “Kiss of the Spider Woman”, adaptação cinematográfica do musical da Broadway escrito por Terrence McNally, John Kander e Fred Ebb, marca mais uma colaboração entre o diretor Bill Condon e o diretor de fotografia Tobias A. Schliessler ASC. Estrelado por Jennifer Lopez no papel-título e Diego Luna como Valentin, o filme alterna entre a dura realidade de uma prisão argentina em 1983 e o universo fantasioso e colorido das lembranças de Molina, interpretado por Tonatiuh. A produção estreou com grande repercussão no Festival de Sundance e chega aos cinemas dos Estados Unidos em outubro de 2025.
Para Schliessler, que já havia trabalhado com Condon em “Dreamgirls” e “A Bela e a Fera”, o principal desafio foi equilibrar dois mundos visuais distintos. As cenas ambientadas na prisão foram inspiradas em “O Profeta”, de Jacques Audiard, com uma estética crua e claustrofóbica que transmite a sensação de confinamento vivida pelos personagens. Já as sequências musicais exigiram o resgate do estilo visual das produções Technicolor dos anos 1940 e 1950, como “Sinfonia de Paris” e “Cantando na Chuva”.
O cinematógrafo explica que, para alcançar o visual vibrante e saturado característico do Technicolor, iniciou um extenso processo de testes com o colorista Stefan Sonnenfeld, desenvolvendo uma LUT capaz de reproduzir as propriedades ópticas do sistema de três tiras. Foram testadas câmeras como a Sony Venice 2, a Alexa Mini LF e a Arri 35, em conjunto com amostras de figurino e cenografia criadas pelas equipes de Colleen Atwood e Christine Cantella. O objetivo era preservar a textura suave e o brilho característico da pele dos atores diante de cenários e figurinos intensamente coloridos.
Na escolha das lentes, Schliessler optou pelas Cooke Panchro/i Classic FF Prime, que, segundo ele, entregaram a combinação ideal entre nitidez e estética vintage. “As lentes Cooke reproduzem tons de pele com uma naturalidade e calor únicos, mantendo contrastes suaves e foco uniforme de ponta a ponta. Elas foram essenciais para recriar o visual do Technicolor”, afirmou.
Enquanto as cenas coloridas foram filmadas em estúdios de Nova Jersey, as sequências ambientadas na prisão foram captadas em locações de Montevidéu, no Uruguai, utilizando câmeras Alexa Mini LF com lentes Arri LF DNA. Schliessler ressalta que a comunicação entre as equipes de fotografia, direção de arte e iluminação foi decisiva desde a pré-produção, garantindo que as necessidades de luz e textura fossem consideradas no design dos cenários.
O diretor de fotografia também destacou o trabalho conjunto com os designers de iluminação Jules Fisher e Peggy Eisenhauer, veteranos da Broadway, além da colaboração próxima com o gaffer Ken Shibata, o key grip Greg Cahill e o programador de luz Carter Bissell. Segundo ele, o uso predominante de refletores de LED permitiu ajustar níveis e cores em tempo real, mantendo controle total sobre a atmosfera visual.
Para reforçar a autenticidade, Schliessler manteve o uso de luz dura em várias cenas musicais, simulando a baixa sensibilidade dos antigos filmes Technicolor. A fotografia dessas sequências foi feita majoritariamente com uma única câmera e lentes de 40mm e 50mm, seguindo a tradição das produções clássicas de Hollywood. Já nas cenas de prisão, o trabalho com duas câmeras portáteis em Easy Rigs garantiu liberdade aos atores e uma sensação de imersão quase documental.
Schliessler conclui que a longa parceria com Bill Condon foi determinante para o sucesso do projeto. “Quando ele me apresentou o roteiro, fiquei imediatamente inspirado pelas possibilidades visuais. Trabalhar com ele sempre é um privilégio, e este filme reafirmou nossa paixão por musicais e pelo poder da imagem em contar histórias.”
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