Por Bárbara Lins
Sem herança, formação especializada ou networking na área. Foi com vontade de mudar de vida e criar a própria empresa, que Dino Maia entrou em uma banca de jornal em 1984. A ideia era aprender a programar. Isso mesmo! Naquele tempo, não tinha internet, cursos de programação ou algo parecido. Na banca de jornal, ele achou um curso de Basic, linguagem de programação. Lendo as cartilhas e ouvindo fitas cassete ele aprendeu tudo sozinho.
Os testes eram feitos num computador que o dono da emissora onde ele trabalhava na época tinha. A primeira vez que foi pego mexendo no computador, levou uma bronca. Entretanto, como ninguém mais na empresa nem se atrevia a mexer, o dono acabou cedendo para que fizesse algo com aquela máquina.
Em um mês, ele tinha criado um sistema com todos os nomes dos clientes e ganhado de vez a confiança do empresário, que dizia para todos: “Nossa! Minha empresa está informatizada”. Com isso, começou a se dedicar ainda mais como autodidata, aprendendo tudo em tudo por cursos de correspondência.
A pessoa certa no lugar certo
Em 1996, a Telebrasília escolheu Paracatu, a cidade onde ele morava, para começar os testes de internet no Brasil. Foi um dos primeiros a usar a tecnologia e aproveitou para fazer uma página com o nome, o telefone e os serviços dele.
Desse jeito, foi encontrado na rede por um diretor da Radiobrás – Empresa Brasileira de Comunicação, em Brasília, que o convidou para trabalhar na empresa. A ideia era que ele criasse um sistema para automatizar a Voz do Brasil, que era elaborada na máquina de escrever.
Lá, descobriu um dos principais problemas de quem lida com tecnologia. A resistência do usuário por mudança. Os jornalistas odiaram mudar a forma de trabalhar e foi preciso o chefe de jornalismo ameaçar jogar as máquinas de escrever pela janela para que eles aceitassem a mudança.
Com jeitinho e muita paciência, ele não só transformou as rádios, como também a TV Nacional, criando um sistema de teleprompter para a emissora. Com o sucesso das soluções de tecnologia que estava criando, a vontade de expandir a atuação e criar a própria empresa cresceu.
A grande sacada
Foi assim, que em 1997 ele criou a SNews. O principal produto era o Telenews, um sistema de jornalismo criado para ajudar as emissoras as controlarem todo o fluxo de notícias. Do momento que uma sugestão de pauta chega até a exibição final. Na época, ele e a esposa, a jornalista e radialista América Melo faziam de tudo. Ele era o desenvolvedor, vendedor e suporte. Ela trabalhava na parte administrativa. O começo não foi fácil, os dois precisavam conciliar mais de um emprego para consolidar a empresa.
Mas em 4 anos, a SNews já estava presente em todo território nacional. E com um mega diferencial. Enquanto boa parte dos desenvolvedores aceita ser funcionário das empresas ou então vender o sistema operacional, Dino pensou em outro modelo de negócio.
Desde o primeiro cliente, no lugar de vender, ele quis alugar o software. O que hoje tem até nome, Software as a Service (SaaS). Só que naquela época, achavam que ele era maluco de trocar os vinte mil reais que ofereciam pelo software por uma mensalidade de meio salário-mínimo.
A loucura se mostrou o cerne de um negócio lucrativo. Poucos clientes depois, ele já estava ganhando muito mais do que se apenas vendesse a solução.
A cultura de inovação no DNA da empresa
Esse foi apenas um dos aspectos inovadores que nasceram e fazem parte do DNA da empresa. Assim como o modelo de negócio, toda a cultura organizacional da SNews foi moldada em critérios de vanguarda. Um dos exemplos, é a gestão de pessoas.
O primeiro empregado da empresa ilustra bem esse modelo. Eliezer Oliveira chegou até a SNews como desenvolvedor, mas a cultura de cuidar dos funcionários e incentivar seu crescimento, fez com que ele virasse sócio de uma das empresas do grupo.
Por falar nisso, diversificar os negócios também é um dos princípios. Nesses 25 anos, a SNews se preocupou em não focar todos os esforços em apenas um produto, mas em olhar o mercado em busca de necessidades que precisavam ser supridas.
Assim, surgiram o Playout Neoexpress, o Gerador de Caracteres GCNEWS e o próprio Sistema de Jornalismo Telenews, que hoje evoluiu, ganhou diversas integrações e recebeu o nome de Arion.
Processo de internacionalização e modernização
Também foi com essa mentalidade, que em 2012, os donos começaram uma série de viagens para os Estados Unidos, com o intuito de expandir os negócios. Naquele ano, o foco era planejar e executar a criação de estúdios de emissoras de rádio e televisão. O grupo montou emissoras de broadcast em quase todos os estados norte-americanos.
Quando os negócios começaram a se consolidar lá fora, o próprio Dino viu a necessidade de deixar que os novos talentos da empresa começassem a assumir e tocar o negócio. Em 2018, ele passou o cargo de CEO da SNews para Rodrigo Brasiel.
Com a mudança, a meta foi manter a SNews como a maior desenvolvedora de softwares de Broadcast da América Latina ao mesmo tempo em que investia em inovação e criava novos produtos e serviços.
Nesse sentido, de inovar, uma das primeiras decisões foi abandonar um dos ramos da empresa, que era a venda de hardwares. A ideia foi focar todo o time e toda energia da empresa no que ela tem de excelência, que é o desenvolvimento de softwares.
Assim conseguiram grandes conquistas, como a integração das praças da Rede Amazônica em uma solução cloud, construir um sistema único entre rádio e TV da Jovem Pan, centralização de toda produção da TV Verdes Mares Mares e implantações dos sistemas SNews em outros continentes.
De lá para cá, a empresa se consolidou como a maior empresa de desenvolvimento de soluções para Broadcast do Brasil e tem sido destaque em feiras nacionais e internacionais.
Expansão para novos mercados
Para os próximos 25 anos, todos os esforços estão centrados em continuar inovando e expandindo. No quesito inovação, uma das apostas é na criação de Startup Studios, quando grandes empresas incubam startups com ajuda de talentos externos.
No grupo, surgiram startups como Glaz.Ai e, mais recentemente, o SOUV. Esta última foi lançada na NAB SHOW, em Las Vegas, e está em fase de testes em grandes players do mercado. Quanto à expansão, a SNews nunca esteve representada em tantas feiras internacionais. Rodrigo já tinha consolidado a empresa na América Latina e comprou o desafio de atingir novos mercados no mundo, especialmente Ásia e Europa.
Para isso, articulou com novos parceiros formas de revender os produtos da SNews em outras partes do mundo. Outra forma de cumprir essa meta, é o estudo que está sendo feito para abertura de um escritório na Europa em, no máximo, um ano. O resultado de tanto investimento em inovação, relacionamento com o cliente e cuidado com os funcionários não poderia ser outro. Com 25 anos de história consolidada no mercado brasileiro, a SNews agora olha para além das fronteiras, pronta para continuar escrevendo novos capítulos dessa história.
Site relacionado: https://snews.tv/
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