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Clipe musical de ficção científica Cozey criado com Blackmagic Design

Mitchell Abraham falou sobre o conceito do clipe, como conseguiu visuais incríveis e as vantagens da finalização no DaVinci Resolve Studio

Por Ricardo Batalha

O cineasta e artista musical Mitchell Abraham, a força criativa por trás do projeto Aerosol Jezus, sabia que queria criar um videoclipe único e cativante para seu single “Cozey”. Muitas vezes, com orçamentos limitados, os conceitos acabam sendo simplificados e reduzidos a uma simples performance artística, mas Abraham estava decidido a não cair nessa armadilha. Com isso em mente, ele e o diretor de fotografia Zach Ostapchenko usaram uma câmera digital cinematográfica Blackmagic Pocket Cinema Camera 4K, juntamente com o software de edição, gradação de cores, efeitos visuais (VFX) e pós-produção de som DaVinci Resolve Studio, para criar algo verdadeiramente impressionante.

As filmagens foram feitas em diversas locações, como selva, topos de montanhas cobertos de neve e vastos desertos, e nenhum deles foi criado com técnicas de VFX. Abraham falou sobre o conceito do clipe, como conseguiu visuais incríveis e as vantagens da finalização no DaVinci Resolve Studio.

De onde você tirou a ideia para o vídeo?
O crédito pela origem da história vai para meu irmão mais novo, Robert Abraham, um roteirista/cineasta muito competente. Ele me deu mais ou menos uma ideia para o vídeo: um astronauta atraído para uma selva por um diamante vermelho flutuante, hipnotizado até tirar seu traje e terminar com ele cantando catatonicamente enquanto girava em uma teia de aranha. O conceito combinou lindamente com a música “Cozey”, que é sobre sedução e a vontade de ser seduzido.

Como você conseguiu viajar para tantos locais diferentes para fazer as filmagens?
Para ser sincero, reduzindo a equipe de produção para duas pessoas: eu e o diretor de fotografia Zach Ostapchenko. Viajávamos com meu carro e nos hospedávamos em hotéis baratos na estrada. O Zach começou como diretor de fotografia, mas logo assumiu várias funções, já que preparávamos cada plano e eu tinha que ficar na frente da câmera.

Incluir mais pessoas na equipe teria acabado com o orçamento, pois tínhamos que esperar muito para que o clima colaborasse. Foi difícil, mas tivemos tempo para experimentar, o que foi necessário, já que grande parte das filmagens ocorreu durante a hora dourada.

Aliás, a cena de ir de um planeta a outro não fazia parte da ideia original. Durante a primeira semana de filmagem, Zach e eu percebemos que estávamos perdendo as batidas essenciais do personagem/enredo. Nosso personagem precisava de uma falha, que pudéssemos transmitir visualmente, que levasse à sua sedução e eventual queda. Para isso, introduzimos a ideia de obsessão. Descrevemos a história no nosso quarto bagunçado do hotel, e o resultado é bem próximo do vídeo final.

É claro que, em retrospecto, nossa solução (fazer o protagonista vasculhar a galáxia compulsivamente em busca de pedras preciosas inatingíveis em planetas inabitados, porém distinguíveis, até encontrar o filão na selva) era completamente maluca. Seja qual for o motivo, seja ambição, ingenuidade ou simplesmente falta de sono, decidimos enfrentar praticamente todos os ambientes que aterrorizaram os cineastas ao longo da história, tudo por um clipe musical. Afinal, não pode ser tão difícil assim, né?

O que fez você escolher a Blackmagic Pocket Cinema Camera 4K para a produção?
Para este projeto, eu precisava de uma motocicleta, não de uma carreta de nove eixos. Nós tínhamos que escalar montanhas e caminhar quilômetros na selva, então, precisávamos de algo leve e ágil para chegar onde nunca chegaríamos se estivéssemos usando equipamentos volumosos. A Pocket 4K tem um ótimo sensor, ciência de cores fantástica e supera a maioria no quesito desempenho sob pouca luz. E o preço é muito acessível para tudo o que ela oferece, então, você não precisa gastar dinheiro alugando um sistema caro diariamente. Não comprei apenas uma ótima câmera; comprei mais dias de filmagem.

O que importa é o que está na frente da câmera. Se a câmera for grande, o tripé será mais pesado, o gimbal mais pesado e assim por diante. Como o Zach operou sozinho na maior parte do tempo, a Pocket 4K foi a escolha perfeita. Além disso, não gosto de ficar mexendo no menu, e os sistemas operacionais da Blackmagic Design são os melhores. Precisávamos nos movimentar com rapidez, configurar o maior número possível de planos a cada dia, e a capacidade de alternar as configurações com agilidade e confiança era crucial.

Pode falar sobre o valor que o Blackmagic RAW agregou ao projeto?
O Blackmagic RAW é excelente. Filmamos tudo em Constant Bitrate 3:1. Pode ter sido um exagero, mas eu queria o máximo de informações possível para ajudar com os efeitos visuais, já que a maior parte de nossas filmagens foi sob pouca luz. Além disso, raramente tínhamos tempo para usar cartões de cor, então, poder ajustar as configurações de ISO, temperatura e tonalidade na pós-produção foi crucial, principalmente para combinar plates e ajustar os planos para unir tudo.

Além disso, o recurso de recuperação de realces é incrível. Não sei bem como funciona, mas é incrível. Usamos lanternas de cabeça baratas dentro do diamante vermelho para iluminá-lo, o que causou pontos intensos em níveis ISO mais altos, mas a recuperação de realces os removeu sem dificuldades.

Você pode falar sobre alguma cena em particular que foi desafiante de filmar?
A sequência da teia de aranha foi difícil. Foi a única que filmamos em um estúdio. Era muito complicado de fazer em locação e precisávamos de medidas de segurança para garantir que eu não caísse e quebrasse o pescoço. Além disso, entregaram o gimbal errado naquele dia, então tivemos que girar manualmente a câmera em 180 graus girando um rig Steadicam enquanto eu estava abaixado.

Fiz uma pesquisa aprofundada para garantir que Zach e eu estivéssemos seguros e preparados para cada locação. Estávamos são e salvos até aquele momento, então eu não queria morrer na última grande acrobacia depois de tudo o que tinha passado. Em caso de dúvidas, gaste seu dinheiro com incríveis coordenadores de dublês. Um agradecimento especial a Erik Aude.

Você pode falar sobre seu processo de pós-produção?
Principalmente devido à variação na iluminação das filmagens nas locações, me vi realizando um extenso trabalho de cores e efeitos visuais durante a montagem. Eu precisava confirmar que cada plano selecionado se unisse perfeitamente com os outros na sequência e definir se eu poderia realizar trabalhos de rotoscopia ou VFX, se necessários, em vez de esperar até o final para descobrir.

Entendo que muitos dirão que isso é como colocar o carro à frente dos bois, mas isso é o que também torna o DaVinci Resolve único. Você pode fazer tudo (edição, VFX e colorização) em um único programa. Ele é incrível. Gosto muito do fato de não travar toda hora, especialmente considerando que trabalhei muito em praticamente todos os planos, tanto na página Fusion quanto na página de cores. Essa foi a primeira vez que usei o Resolve e o Fusion e sempre me impressionava com os resultados que obtinha.

E sobre o fluxo de trabalho de nó de cor típico que você usou para obter seus visuais únicos?
O fluxo de trabalho padrão envolvia ajustes primários seguidos por uma transformação de espaço de cores, secundários e emulação de filme, com bastante trabalho de rotoscopia para criar separação e resolver problemas. Eu não sabia nada sobre gerenciamento de cores no começo, então meu projeto não estava gerenciado.

Estávamos sempre mudando de locação ao longo do vídeo, então precisei estabelecer uma cor dominante para cada “planeta” para ajudar a diferenciá-los (laranja para as dunas, azul para a neve, verde para a selva, etc.). Foi incrivelmente difícil manter a consistência de tudo, e alguns dos recursos do Resolve foram cruciais, incluindo a máscara mágica e o distorcedor de cores. É sempre importante apoiar a história que você está tentando contar.

Você aprendeu a usar o Fusion neste projeto?
Estudei um pouco de 3D e composição na faculdade, mas não muito. Com certeza é importante entender os fundamentos da composição se você for trabalhar com materiais pesados de VFX. Li muitas informações na internet antes das filmagens para garantir que teria as habilidades necessárias para registrar os planos mais intrincados na página Fusion. Preciso dizer que tenho imenso respeito pelas pessoas que trabalham com efeitos visuais.

Na música, não sou um grande especialista em sintetizadores modulares, mas meu entendimento básico de combinar módulos de componentes para criar sons diferentes pode ter me ajudado a me aclimatar à estrutura baseada em nós do Fusion. Pode parecer intimidador, mas depois de pensar um pouco, você percebe quanto poder está à sua disposição na página Fusion. Obviamente, o YouTube e os fóruns têm muitas informações boas, e a comunidade Fusion é muito útil. É surpreendente o quanto estão abertos para conversar com você.

Quais elementos-chave do projeto que você acha que o tornaram único?
Com a cinematografia, focamos na restrição, retendo propositalmente técnicas de câmera específicas para enfatizar momentos cruciais da história. Evitamos usar câmera lenta até que o protagonista encontrasse o diamante vermelho para enfatizar seu estado de hipnose naquele momento. Também evitamos planos com a câmera na mão (exceto um na neve anteriormente) para que a sequência de corrida parecesse caótica e desorientadora. Por último, pretendemos começar com uma abordagem muito fundamentada para obter a mudança psicodélica na segunda metade do vídeo.

É essencial mencionar o Zach ao discutir o projeto, pois não teria sido possível sem ele. Ele não só tem um olho fantástico, mas uma mente incrível para a história. É impossível creditá-lo o suficiente por confiar em mim e vir comigo nessa aventura. O processo todo foi um teste de resistência, e ele foi duro na queda.

Quais são seus próximos projetos?
Meu álbum de estreia, “Imprint”, está sendo lançado este ano, e atualmente estou na pré-produção de meu primeiro longa, um filme de ficção científica sobre um assalto, que tem me deixado muito empolgado. Estou animado por estar confiante para criar uma variedade de mídias, principalmente por causa do clipe musical de “Cozey”. Graças à Blackmagic, consegui quase tudo, embora talvez da próxima vez viajemos para locações menos exóticas.

Site relacionado: https://www.blackmagicdesign.com/

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