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Entrevista: Dan May, presidente da BlackMagic Design

Por Redação

Em visita ao Brasil, Presidente da BMD para as Américas fala sobre o futuro tecnológico da empresa e as ações para o Brasil.

A BlackMagic Design tem mostrado fortes indícios de que está buscando mais resultados no mercado Brasileiro. Prova disso é o recente início dos serviços de manutenção e suporte em território nacional e agora a visita do Presidente da empresa para as Américas, Dan May. Em passagem por São Paulo para visitar clientes junto com a distribuidora Pinnacle Broadcast, May conversou com a Panorama Audiovisual para falar dos detalhes desta visita, revelar um pouco dos planos de tecnologia e produtos da empresa e o que exatamente vê para o mercado brasileiro.

Veja esta entrevista em vídeo.

Ou se preferir, leia abaixo na íntegra.

Panorama Audiovisual: Qual o propósito desta visita ao Brasil?
Dan May: Nós quisemos vir ao Brasil desta vez para falar para onde estamos indo em termos de suporte no país, porque nos EUA é mais fácil, somos locais, podemos ajudar os broadcasters ou escolas. Quando se trata de Brasil, sobretudo por conta dos desafios que existem para se trabalhar no país, há novos problemas que temos que encarar com nossos parceiros e medir como estamos lidando com isso, como está o progresso e quais os próximos passos para melhorar ainda mais a experiência do usuário que trabalha com produtos Blackmagic.

PAV: O Brasil está possivelmente de saída de uma profunda crise econômica, como foram estes tempos de baixa capitalização para os negócios da Blackmagic no país?
May: Tem coisas estranhas que acontecem com a Blackmagic em momentos de crise econômica. Como a Blackmagic sempre é a solução mais acessível do mercado, de certa forma as crises nos ajudam.
Alguém pode dizer “Eu não tenho dezenas de milhares de dólares para um projeto mas eu posso usar Blackmagic para avançar e fazer algo que eu não toparia o risco se tivesse uma grande verba”. Quando a recessão acaba, as pessoas continuam a usar Blackmagic porque viram que funciona.

PAV: Vemos que vocês atendem uma ampla gama de mercados diferentes. Como definir quem é o cliente da Blackmagic?
May: Este é um grande desafio para quem faz produtos muito acessíveis. Por exemplo, a Cinema Camera original era exatamente isso: uma câmera que fazia cinema. Depois começamos a especializar, criar uma câmera mais voltada para Broadcast outra mais para Cinema e a encaixar soluções ao redor destes produtos para suportar uma infraestrutura que funcione para estes clientes. Mas pelo fato de serem produtos acessíveis, sempre nos perguntamos: será que uma igreja vai acabar comprando? Será que é a TV Globo que vai comprar? Será é uma escola quem vai comprar? Nós tentamos não nos preocupar muito com isso contanto que o produto funcione bem e tenha um bom suporte.

As pessoas precisam ter uma razão para trocar a solução que já usam para a nossa. Ninguém muda de equipamento porque ele é bonito e barato

PAV: Nos últimos meses aumentou muito o uso de produtos Blackmagic em aplicações complexas, que era algo raro de ser ver no passado. Você acha que existia algum preconceito com a marca por ter produtos mais acessíveis?
May: As pessoas precisam ter uma razão para trocar a solução que já usam para a nossa. Ninguém muda de equipamento porque ele é bonito e barato. E conforme nossa empresa cresceu e amadureceu, pudemos criar esses fluxos de trabalho que não são somente o mais acessíveis, mas também preenchem todos os requisitos que precisam para sua implementação nestes ambientes. Mas até construir esta confiança demora, pois os clientes vão, experimentam um produto e percebem que funciona muito bem… experimentam mais um e funciona muito bem também e só dai pensam em experimentar uma Câmera ou um ATEM.

PAV: Nós veremos a Blackmagic apostando em produtos broadcast mais High-End para concorrer com os grandes fabricantes como Grass Valley, Sony, For-A, etc?
May: Eu não sei se vamos olhar por este lado competitivo e dizer “Queremos vencer aquela empresa ou fazer algo melhor que eles”. Isso porque não queremos estar numa situação em que contamos com um terceiro e eles decidem que não darão mais suporte à Blackmagic. Ainda podemos trabalhar com outros parceiros. Se você quer usar uma câmera da RED, é uma excelente câmera, o DaVinci tem o melhor workflow para RED que há no mundo. Se você quer usar uma câmera Blackmagic mas quer usar o AVID, sem problema, AVID é uma grande solução vamos criar um hardware que a suporte.

PAV: Recentemente a Blackmagic passou a ofertar serviço de manutenção e suporte em território nacional, cuja ausência era a principal reclamação dos usuários no país. Esta foi uma resposta à estes clientes, ou se trata de uma estratégia para ajudar a combater o hábito de adquirir equipamentos fora do país?
May: As duas coisas. Um dos desafios de se atuar no Brasil são as altas taxas de importação e fica muito difícil para nós dar suporte à nossos parceiros locais porque eles serão os responsáveis pelo serviço e manutenção. Então se as pessoas partem para o mercado cinza, claro que elas vão economizar dinheiro, mas queremos ser capazes de entregar suporte de verdade. Ao dar à Pinnacle e nossas revendas a capacidade de entregar este suporte de alto nível nós estamos buscando fazer o que é melhor e ajude o cliente. Mais do que ser bom pra mim ou ser bom para a Pinnacle, temos que fazer o melhor pelo cliente, e isso significa ter suporte local e serviço local.

Se as pessoas partem para o mercado cinza, claro que elas vão economizar dinheiro, mas queremos ser capazes de entregar suporte de verdade.

PAV: Durante o IBC 2018 a Blackmagic anunciou seu próprio Codec RAW. Eu queria entender melhor se a ideia por traz dele é atingir os produtores de cinema de alto nível, ou se é levar o fluxo de trabalho RAW para quem não tem acesso à ele.
May: Um dos principais desafios do RAW do jeito que ele existe hoje é ser muito complexo de se usar. Então o Blackmagic RAW é uma forma de trazermos muitas das funcionalidades do RAW, mas poder trabalhar com ele como se faz com um arquivo de vídeo comum, com um arquivo único, com todos os dados e o áudio incorporados. Acho que traz muita flexibilidade para os cinematógrafos de alto nível, mas também trará novas capacidades para todo mundo que nunca pode usar.

PAV: Com a nova Cinema Pocket vocês entram no mercado das Mirrorless que é dominado por fabricantes que têm dezenas de modelos diferentes de produtos, atingindo desde amadores até uma dúzia de opções para profissionais. Vocês pretendem ter também esta abordagem, de repente lançar uma versão menos profissional da Cinema Pocket?
May: Não gosto de dizer que nunca vamos fazer algo, mas acho que na Blackmagic temos mais ideias do que temos tempo. Então é uma questão de o que podemos focar para fazer bem. Acho que muitos fabricantes fazem excelentes câmeras, o que nós podemos somar é o estilo de cinema e o workflow e as capacidades de pós-produção. Sempre foi isso que nos levou a fazer câmeras, queríamos ter as capacidades do cinema, mas em uma câmera pequena estilo DSLR. Conforme evoluímos nos últimos cinco anos fazendo câmeras, o resultado é este que você está vendo. Para onde vamos daqui, difícil dizer, mas estamos ansiosos para este futuro

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