Novo estudo da Kantar destaca o que vai impactar a batalha dos streamings em 2021
Os brasileiros gostam de vídeo: na TV, no cinema, nas redes sociais e, também, no streaming. Com as aceleradas mudanças de comportamentos instigadas pelo isolamento social, os brasileiros passaram a adotar melhor a tecnologia no dia-a-dia, tornando o nosso mercado ainda mais favorável para a batalha dos streamings. E para disputar a atenção (e o bolso) do consumidor, é preciso entender como ele consome mídia. A Kantar acaba de lançar a edição 2021 do estudo Tendências e Previsões de Mídia, que traz insights de especialistas sobre quais comportamentos do público e dinâmicas de indústria vieram para ficar.
Fidelizar para ganhar
Em 2021, os comportamentos das audiências serão ainda mais complexos e difíceis de decifrar. Segundo o The Streaming Guide, estudo Kantar IBOPE Media, 98% dos usuários de internet consomem algum tipo de conteúdo via streaming de áudio ou vídeo e 73% afirmam que o consumo de streaming de vídeo (pago ou gratuito) aumentou após o início da atual crise. Neste ano, o número de assinantes destes serviços atingiu 36%, contra 29% no ano anterior. O cenário promissor, também, traz desafios: o de fidelizar o público.
“As opções de entretenimento se tornaram mais indoor e as pessoas passaram a experimentar mais com o digital, com um consumo expressivo de TV online, vídeo sob demanda e streaming. A chegada de novos players, como a Pluto TV e a Disney+, aquecem o mercado nacional já em alta com o sucesso da Netflix, Globoplay, Prime Video, entre outros”, comenta Adriana Favaro, Diretora de Negócios da Kantar IBOPE Media no Brasil. “Mas tem um ponto, quantas plataformas posso assinar? Uma das tendências apontadas no nosso relatório é o ‘assinante-bumerangue’, que enxerga as plataformas como intercambiáveis, migrando entre serviços sob demanda e serviços de streaming, elevando a batalha a outros níveis”, explica.
De acordo com o Tendências e Previsões de Mídia, é cada vez mais comum o perfil de consumidor que navega entre plataformas e se vê, muitas vezes, diante da difícil decisão de aumentar o número de assinaturas ou de cancelar um serviço para contratar outro. Nos EUA nota-se um aumento no número de consumidores migrando de plataformas: no quarto trimestre de 2019 esse público representava 5%, já no terceiro trimestre de 2020 esse número cresceu 12%. Já o número de consumidores bumerangue, que entram e saem do mercado de streaming, aumentou de 9% no quarto trimestre de 2019 para 14% no terceiro trimestre deste ano.
“Essa tendência irá acelerar em 2021 com a consolidação de mais plataformas. Um caminho promissor para o sucesso são as parcerias entre os players do mercado. Estabelecer acordos de colaboração e investir em agregadores de conteúdo é uma das formas para reduzir a taxa de cancelamento de assinaturas, garantir fidelidade e ofertar conveniência para o consumidor. Esse movimento deve ser umas das prioridades para que o modelo de negócio de assinatura seja sustentável”, afirma Adriana.
A TV e o streaming lado a lado
A televisão teve níveis recordes de audiência em 2020 com as pessoas passando mais tempo em casa. Ao passo que a TV mostra seu potencial de público, as emissoras estão, também, ampliando suas ofertas de vídeos sob demanda e seguem expandindo e diversificando suas plataformas garantido conteúdo premium para o consumidor que quer escolher o quê assistir, quando e em que tela.
O Tendências e Previsões de Mídia aponta que a TV reforçou seu papel de unir as pessoas dentro de casa, principalmente durante o período de mais força do isolamento social, sendo a principal tela das residências. No Brasil a predominância dos acessos a conteúdo de vídeo é por meio da TV, seguido do smartphone e do computador. A Kantar IBOPE Media tem um painel de testes para medição crossmídia, em São Paulo, que faz parte do CMAM – Cross Media Audience Measurement – uma tecnologia que está em implementação no Brasil para detalhar o consumo de streaming e de TV. Nas primeiras avaliações, foram consideradas três plataformas: Netflix, Youtube e BVOD (plataformas digitais das emissoras). 58% dos brasileiros acessam o Netflix pela TV, 36% pelo celular e 5% pelo computador. Já o Youtube tem 66% dos seus acessos pelo celular, 18% pelo computador e 16% pela TV e as plataformas digitais das emissoras de TV seguem tendência similar do Netflix, 53% pela TV, 33% pelo celular e 13% por meio do computador.
“Nunca foi tão urgente entender a audiência quanto agora, neste cenário de múltiplas escolhas e intensificação da oferta. A medição em todas as telas e plataformas deve ser levada a sério para entender a flutuação da audiência. Com o aumento da concorrência, limitados pelo tempo e pelo bolso dos espectadores, todos os players precisam saber o valor de ter uma visão integrada da audiência”, afirma Adriana.