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Marcelo Claret, fundador do IAV – Instituto de Áudio e Vídeo, fala sobre a relação da tecnologia com o ensino

Por Redação

Referência nacional em ensino sobre áudio no Brasil, o IAV – Instituto de Áudio e Vídeo completou 25 anos em 2019

Fruto da motivação de Marcelo Claret e da aposta de grandes nomes do mercado de áudio em levar um ensino estruturado para os interessados no assunto, o IAV – Instituto de Áudio e Vídeo segue um modelo de negócio diferenciado. Este permitiu montar uma infraestrutura de peso para oferecer serviços de áudio ao mercado profissional, resultando em uma experiência de imersão real aos seus alunos. Nesta entrevista exclusiva, conversamos com o fundador e diretor da IAV sobre essa trajetória e a sua visão sobre a relação da tecnologia com o ensino.

Panorama Audiovisual: O IAV acaba de completar 25 anos. O que essa marca representa para você?
Marcelo Claret: Primeiramente, gostaria de dizer que jamais imaginei que isso iria acontecer. Quando tudo começou, eu não projetava isso, mas que bom que aconteceu e estou muito feliz de completar 25 anos. Do ponto de vista institucional, é mais que uma vitória. Sobreviver como uma instituição de ensino durante 25 anos no Brasil, com todas as crises que vivemos e ainda estamos vivendo, olhar pra trás e ver o sucesso dos seus alunos, o que é o mais importante, é impagável.

PAV: Como foi o início da sua trajetória?
Claret: Comecei como todo mundo na década de 1960 e 1970: mexendo e fuçando com som. Eu tinha um 3-em-1 e fazia as festas de aniversário dos vizinhos. Era quase um DJ da época. Fui me interessando cada vez mais no assunto e quando decidi que queria seguir nesta área de áudio, fui fazer uma faculdade de engenharia. Em paralelo, eu já trabalhava em uma empresa de sonorização como técnico de montagem. Ao mesmo tempo em que estudava, fazia shows e eventos.

Com essa minha experiência, percebi que a faculdade de engenharia não iria me ensinar áudio. Decidi abandonar a faculdade no terceiro ano e fui fazer comunicação. Foi nessa época que comecei a gravar em estúdio e aí decolou.

Como a formação de todas essas pessoas que começaram nessa época é autodidata, sem um roteiro a ser seguido, percebi que existiam outras pessoas que certamente passariam pelas mesmas dificuldades que eu para aprender as coisas. Assim, tive a ideia de montar o IAV para suprir essa lacuna de formação e melhorar a qualificação do mercado.

Procurei pessoas que, na época, já eram os expoentes do áudio brasileiro, como Luiz Fernando Cysne, Homero Sette, Flávia Calabi, Franklin Garrido, entre outras, e apresentava a ideia. Minha proposta era que, se eu montasse a escola de áudio, eles iriam dar aula. Todos disseram que sim, graças a Deus. Levei dois anos para montar a estrutura, a grade curricular e o material didático do curso. Quando montei, voltei a falar com todas aquelas pessoas e deixei eles escolherem qual aula queriam dar. Com o passar do tempo, algum deles deixaram de dar aula e outros professores vieram.

Após um ano e meio mudamos para a sede onde estamos até hoje, na Vila Mariana, em São Paulo. De lá pra cá, foi só investimento. Hoje, contamos com quatro estúdios e contamos com uma empresa de sonorização do IAV também. Todas essas estruturas servem primordialmente para oferecer uma prática real para quem está aprendendo na escola. Gravamos e participamos do mercado profissional, e é isso que estamos ensinando.

Essas estruturas também nos ajudam a subsidiar o curso, que é um dos mais baratos do mundo: cobramos R$ 20 reais por hora/aula, o que dá menos de 5 dólares, se for pensar mundialmente. Sabemos que apesar de ser muito barato a hora/aula, a carga horária é muito extensa para trazer uma formação sólida, acaba somando e o valor nominal acaba ficando alto. Mas o valor real do curso é muito baixo. Costumo brincar que nem o professor de violão cobra 20 reais a hora de aula e ele nem precisa ter nada, porque o violão quem precisa levar é o aluno.

Conseguimos manter isso tudo em função dessas outras estruturas comerciais. O IAV é um alicerce que nos permite ganhar dinheiro como profissionais, ou seja, não dependemos de dar aula no IAV para sobreviver. Assim, todo o dinheiro que o aluno investe, fica no IAV.

É por isso que conseguimos ter os quatro estúdios, com tratamento acústico inclusive nas salas de aula, o que é uma raridade no Brasil. Esse tratamento é um requisito recomendado internacionalmente porque você melhora demais a inteligibilidade, diminui as interferências externas e o nível de concentração e compreensão do aluno aumenta muito. O ganho de aprendizado pode chegar até 30% a mais do que uma sala não tratada acusticamente.

Na realidade, nós medimos isso meio que sem querer. Fizemos esse projeto porque queríamos ter audições críticas na sala de aula, para demonstrar as diferenças de uma equalização e os pequenos detalhes, então precisávamos de uma sonoridade coerente. Depois que fizemos o tratamento acústico, o nível de aproveitamento de todas as turmas começou a subir demais. A média geral de notas era 6 e passou a ser 7,2. Até por isso, subimos a nota de corte do curso para 7.

Isso tudo é possível porque você mantém o investimento que aluno faz dentro da escola. O objetivo não é ganhar dinheiro com aula, é ganhar dinheiro com áudio dentro do mercado profissional, assim o benefício vem para todo mundo.

Tive a ideia de montar o IAV para suprir essa lacuna de formação e melhorar a qualificação do mercado.

PAV: Quando você começou, houve muito desse seu autodidatismo. Você acha que isso ainda acontece hoje?
Claret: Acho que isso vai acontecer sempre, em todas as áreas. Claro que há algumas áreas onde o autodidatismo é mais perigoso, como a medicina, por exemplo.

Hoje, principalmente por causa da internet, o aprendizado autodidata é, ao mesmo tempo, menor e maior. Maior porque tem mais possibilidades de aprender “sozinho”, pesquisando na internet, mas por outro lado, ter mais opções pode dificultar a compreensão.

Outro diferencial significativo do IAV é o método de ensino. Sendo autodidata, você mesmo que tem que criar o seu próprio método: você que define a sequência do que é ensinado, a maneira como a informação é transmitida e como é compreendida. Acaba sendo mais complexo.

Acabei de voltar do SemanÁudio em Salvador e fiquei muito feliz de ver a quantidade de pessoas que está indo atrás de informação. Ainda que elas não tenham formação acadêmica, elas estão buscando a informação. Esse foi o papel da AES durante décadas no Brasil e continua sendo no exterior e agora está aparecendo com outras vertentes, com outras pessoas organizando.

Fico feliz de ver como as pessoas estão querendo aprender. Não importa onde você vai aprender, o grande diferencial é estar buscando esse conhecimento. O complicado é quando você não quer aprender, como acontecia muito no passado, onde os técnicos que já estavam trabalhando no mercado tinham um bloqueio e não queriam aprender coisas novas. Eu, mesmo com 33 anos de profissão, tenho um monte de coisa que preciso aprender neste momento, então se a pessoa acha que por estar trabalhando há 15 ou 20 anos, não precisa mais estudar, é um grande equívoco. Eu fiquei muito feliz de ver isso no evento porque me deu a sensação de que esse bloqueio está acabando.

PAV: Quais foram os principais desafios que vocês enfrentaram nesses 25 anos e quais caminhos a IAV seguiu para superar esses desafios?
Claret: O primeiro grande desafio foi o econômico. Pensar que nós passamos o plano Collor, a super inflação, o plano real, as crises internacionais, a flutuação do dólar e agora essa crise que estamos vivendo no Brasil.

Uma vez estava em uma reunião com um grande empresário americano apresentando uma ideia que tinha para um outro negócio e ele me deu cinco minutos da agenda dele. Ele ficou me perguntando quem eu era, o que fazia, etc. Naquela época, o IAV já existia há 17 anos e, quando eu disse que tinha a escola para ele, ele fez as contas e percebeu que comecei em 1994. Um empresário capitalista sabe bem quais são os grandes buracos e as oscilações da história, e aí ele me deu mais 20 minutos. Quando perguntei o porquê daquilo, ele me respondeu que uma pessoa que conseguiu manter uma empresa no Brasil neste período e por tanto tempo, valeria o tempo dele. Foi um papo no qual aprendi muito mais do que fui oferecer.

O outro desafio, que é o mais crítico, é o da mudança, quando você percebe que já passou uma, duas, três gerações, e as pessoas estão vindo diferentes, com realidades, objetivos e conhecimentos diferentes. Aí você tem que adaptar o seu modelo de negócio e o método de ensino, precisa se reinventar a cada momento.

Nós superamos esses desafios por conta das estruturas que criamos que pudessem agregar valor aos profissionais, porque se fossemos só depender da hora/aula para viver, o IAV já teria fechado.

O que fazemos é que, por exemplo, fechamos um contrato com um teatro, fazemos a sonorização, gravamos um disco, fazemos a mixagem, e a partir daí, mesmo que você não consiga deixar todo o dinheiro na escola, pelo menos você não está tirando. Eu estarei sobrevivendo como profissional, o dinheiro fica na escola e você vai mantendo a estrutura. Saiba que o IPTU da nossa sede, no começo, era algo em torno de 500 a 600 reais e hoje já está quase 40 mil. É assustador você pensar que é o mesmo lugar e o governo resolveu que aquilo vale mais do que você consegue pagar.

A questão da mudança do modelo são muitas adaptações de estrutura, metodologia e exemplos. Um exemplo é da época da mesa analógica, com aquele monte de botão e as pessoas se questionavam sobre como iriam saber qual botão apertar. Nós desenvolvemos uma metodologia onde pegávamos um papelão bem grande, cortávamos só com a largura de um canal e aí a gente mostrou que aquilo era o que eles precisavam realmente saber. Depois que a estrutura de botões de um canal estava bem compreendida, nós íamos abrindo outros canais até a pessoa entender que aquilo tudo era simplesmente uma reprodução de um channel strip, de um módulo daquilo. São pequenas coisas que você vai pincelando sobre o método de ensino.

Hoje temos muitas coisas de exemplos históricos para poder contar, como a história da primeira gravação, do francês que registrou via ótica num papel a fala mas não conseguiu reproduzir, e temos estes áudios todos. Isso acaba encantando os alunos, porque ele percebe que está entrando em uma história muito grande. São essas coisas que vamos moldando e aperfeiçoando.

Não importa onde você vai aprender, o grande diferencial é estar buscando esse conhecimento.

PAV: Você acha que estar em um país latino-americano traz mais vantagens ou mais desvantagens quando se fala no ensino sobre áudio e tecnologia em relação a outros países?
Claret: Não sei se podemos mensurar dessa maneira. Acho que em todos os lugares do mundo, você vai ter vantagens e desvantagens. É um erro grave achar que lá fora é diferente. O saudoso Carlos Correia dizia: a física é democrática, é igual para todo mundo. Você aprende decibel aqui e é o mesmo que o cara vai aprender na China, na Alemanha, na Austrália, onde for.

Os desafios econômicos são pesados, mas, por outro lado, o curso que temos aqui custa 5 dólares a hora. Se você pegar uma grande faculdade americana, a Full Sail, por exemplo, tem uma estrutura sem igual, mas é um custo altíssimo. Então, nesses outros países, ele até pode não ter os problemas econômicos que temos aqui, mas o custo que ele tem para estudar é absurdo. Ótimo se o cara tem condições de fazer uma Full Sail ou uma SAS Expression, mas é pesado. Fora o fato de o cara ter que pagar o curso, ele tem que se manter no país por aquele período.

Na contramão disso, o IAV recebe muitos alunos que vem de fora do Brasil. Já tivemos alunos da Colômbia, Argentina, do Uruguai, da Suécia, Austrália, porque eles olham o que tem no mundo e enxergam que os currículos são iguais, só que um custa cinco dólares a hora e outro custa cinquenta. Então a desvantagem pode ser transformada em vantagem, dependendo do ponto de vista.

PAV: De que forma a evolução tecnológica influencia o ciclo de ensino, especialmente quando falamos de áudio?
Claret: Influencia demais. Temos um problema gigantesco no IAV hoje que é manter as mesas analógicas funcionando, porque o início do nosso processo de aprendizado é analógico e precisa ser assim. Isso já foi discutido em diversas AES Educacionais. O fluxo do sinal, a compreensão do caminho das coisas, o que é headroom, os diagramas, etc, obrigatoriamente tem que nascer analógico.

Manter a estrutura funcionando com o principio analógico para depois ir para o digital é um desafio imposto pela evolução tecnológica. A tecnologia melhorou, trouxe muito mais recursos, mas nos criou um problema educacional de eu não ter como mostrar o princípio para o aluno. A fabricação de mesa analógica ainda existe, mas é praticamente nula, algo como 0,1% do mercado.

Outra tecnologia que influencia o ciclo de ensino é toda esta tecnologia de rede. Um profissional de áudio vai precisar entender minimamente a estrutura de rede, então isso muda todo o processo de formação. O cara até pode achar que não precisa entender de rede, apenas de Dante, mas se perder um IP no meio do caminho, se o switch tiver oscilação, se uma rede Gigabit cair para megabit ou qualquer outro problema, ele não saberá o que fazer. Aí não vai ter mais som, porque agora tudo é TI. Da mesma forma, a tecnologia de RF está caminhando para o digital, o que também muda os processos. Tem muita coisa que evolui para o bem, obviamente, mas que mudam radicalmente a estrutura de ensino.

PAV: O audiovisual exige uma abordagem e técnicas diferentes de ensino?
Claret: Costumamos dizer que todas as áreas têm alguma particularidade, principalmente no que diz respeito a finalidade. Em todas elas, o áudio vai ser a mesma coisa. Em televisão, o decibel, o microfone, a mesa de som, toda a estrutura e processo de áudio, não é diferente do que seria em uma estúdio para produção musical. O que muda é o que vou fazer com esse processo.

Faço muitos musicais como designer de som e uma vez estava em uma palestra dentro da Rede Globo e me questionaram falando que lá dentro era diferente. Eu respondi que não era diferente e peguei o exemplo do Programa do Jô Soares. É um programa com plateia, ele usava um microfone de lapela e a voz dele precisava ir para a plateia, tinha uma banda e a plateia precisava escutar. No fim das contas, você está fazendo um musical e transmitindo na televisão.

Os objetivos são diferentes, mas a essência é a mesma. O que costumamos dizer no IAV é que não importa onde você vai trabalhar, porque o que você aprender você vai poder aplicar em qualquer lugar, no teatro, na TV, em show, no cinema. Obviamente vai ter que coisas que você vai ter que aprender e aplicar para cada área, mas a base, a fundamentação, o alicerce, é um só.

PAV: Como você enxerga os novos padrões de áudio, como Dolby Atmos? Qual a sua visão em relação a curva do adoção desse tipo de tecnologia? Quando você acha que isso, de fato, vai chegar a casa e aos ouvidos do grande público e que indústria você acredita que vai puxar esse padrão?
Claret: Passando pelo que eu já passei, onde eu vi o CD nascer e morrer, posso dizer que é muito difícil prever. Como íamos prever, há 10 anos atrás, que a mídia física iria desaparecer? É assustador pensar nisso. Eu realmente não sei dizer o que vai acontecer.

O que sei dizer é que a Dolby tem grande influencia histórica no mundo audiovisual. Então normalmente o que a Dolby determina como um padrão é o que a indústria do audiovisual segue e isso está acontecendo de novo. A NHK desenvolveu o sistema 22.2 para surround, ou seja, tem uma imersão de áudio muito superior ao que poderia fazer com o Dolby Atmos, já que tem muito mais caixas, mas você vê que não vingou, provavelmente vai ficar só lá NHK mesmo. Por isso, acho que a Dolby tem esse poder dentro do mercado audiovisual.

Do ponto de vista do consumidor-final, eu fiquei muito impressionado com a tecnologia do soundbar. Recentemente, eu ouvi a soundbar da Neumann-Sennheiser no Congresso da AES e é impressionante. Eu acho que a tecnologia do grande público, certamente, vai ser um soundbar, porque é óbvio que se você puder ter aquele envolvimento apenas com uma coluna deitada em frente da sua televisão, as pessoas não vão ficar passando cabo e pendurando várias caixas.

Talvez, dentro da produção, o Dolby Atmos possa ser o padrão e seria bom se fosse assim. Porque o ruim para gente é ter vários padrões. É querer que sejamos todos e nenhum deles ao mesmo tempo.

Essa é uma guerra que não temos como prever, de fato. É uma briga de indústrias mundiais, com poder econômico absurdo. Imagine o que aconteceu com a história do DVD e do Blu-ray. Foi uma briga sobre qual era o protocolo e modelo que seria adotado como indústria. Havia o DVD, aí resolvem mudar para o Blu-ray e depois criam um DVD de 16 camadas que supostamente seria muito melhor e, de repente, nada disso vai para frente, tudo acaba, e grandes redes varejistas estão vendendo DVD a um real hoje. Quando se pensa quanto tempo isso demorou, é algo realmente assustador.

Por isso, é muito difícil prever o que vai acontecer, mas acredito que, com a evolução da internet para ultravelocidades, com uso de fibra óptica, o que pode acontecer é que, finalmente, vamos conseguir nos livrar do MP3, esse padrão que foi importante, mas que, pelo amor de Deus, já estamos cansados de perder tanta qualidade e resultar em algo tão diferente da mixagem original.

Já existem algumas plataformas de streaming, como o Tidal, por exemplo, transmitindo o arquivo em FLAC, com compressão sem perda. Na minha opinião, vai acabar sendo uma transmissão em formato WAV mesmo. Hoje, você tem condição de ouvir uma mixagem em casa usando uma matriz de 24-bit/96 kHz, ou seja, um áudio de altíssima qualidade e fidelidade. Com a evolução rumo ao 5G e pesquisas para transformar lampadas de LED em propagadores de Wi-FI, provavelmente no futuro você conseguirá fazer isso no seu carro na estrada. Não tem fim esse negócio.

PAV: Qual o tipo de público que mais busca a IAV hoje? Há algum pré-requisito para ser aluno do Instituto?
Claret: Nós recomendamos que a pessoa esteja, pelo menos, cursando o segundo grau. Não há uma idade mínima, mas eu acredito que menos de 14 anos para fazer o curso do jeito que ele é, fica meio puxado. Se a pessoa não teve a oportunidade de cursar o segundo grau, recomendamos que tenha pelo menos 18 anos porque o nível de compreensão sobe um pouco e o essencial a gente acaba ensinando, independente do que ela aprendeu ou não no colégio. A parte fundamental de física e matemática que temos a necessidade que a pessoa saiba, nós revisamos no IAV com outro método, com foco e objetividade.

Não temos pré-requisitos, a não ser aqueles que acreditamos que podem prejudicar o próprio aluno. Se o aluno for muito novo, ele até pode entender o que é um microfone, mas ele provavelmente não vai entender o que é eletricidade, o que é propagação, o que é uma onda eletromagnética, entre outros, o que fica um pouco mais difícil.

A maioria do nosso público é entre 20 e 35 anos. São pessoas que, normalmente, gostam de áudio e música, como DJs, músicos, técnicos e produtores, que estão procurando um caminho diferente. Eles acabam entrando no áudio, porque gostam de música mas não querem ser músico, ou porque são músicos e querem produzir seus próprios trabalhos no home studio. Então são pessoas que sentem a necessidade de aprender quais são as técnicas, os equipamentos, como se usa um microfone adequadamente, um compressor, um efeito, etc.

PAV: Quais os principais cursos que vocês oferecem hoje e como está o planejamento para novos cursos do IAV?
Claret: Temos como carro-chefe o ‘Fundamentos de Áudio e Acústica’, um curso de 300 horas disponível em modo regular com duração de 5 meses com aulas de segunda a sexta de 3 horas, e o intensivo, com 5 semanas, aulas de segunda a sexta, com aula das 9h às 20h. O intensivo é mais para quem vem com o objetivo muito determinado, pessoas que vem de fora do estado de São Paulo ou do Brasil normalmente escolhem esse curso. Esse é o curso que iniciou o IAV e continuamos com ele, bravamente, cada vez melhor porque a estrutura melhorou.

Nós também temos vários cursos de especialização e dezenas de workshops para que as pessoas possam entender para que caminho elas preferem seguir. Estamos trabalhando para fechar um ciclo de workshops com diversos distribuidores e fabricantes de equipamento para mostrar para os alunos essas tecnologias novas que estão aparecendo.

Entre os cursos de especialização, os mais procurados são o Mix in the box, voltado para a galera que quer aprender a gravar em casa; e o de alinhamento de sistemas de sonorização, permitindo que o interessado saiba como utilizar positivamente inúmeras fontes sonoras em um ambiente. Também temos o curso de efeitos para mixagem, o curso de criação de ambiente 3D no processo de mixagem estéreo, os cursos de software como Logic, Pro Tools, e mais recentemente temos um curso novo de Music Business: o mercado de entretenimento, com o Ricardo Cantaluppi, que é uma sumidade nesse assunto.

É claro, temos alguns outros cursos no forno, derivados dessas experiências que temos com os workshops. Nós vemos quais são os temas que as pessoas estão tendo mais interesse e desenvolvemos um curso nesse sentido.

Para o audiovisual, estamos trabalhando em um curso de Captação para Som Direto que acredito que vamos começar a oferecer a partir do ano que vem. Eu sempre ouvi do mercado broadcast que o maior problema na área de áudio são as externas, então nós queremos atacar esse ponto fazendo um curso muito bem estruturado que vai ser servir muito bem tanto para o cinema quanto para a televisão e novas mídias.

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