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Panorama Entrevista: Tom Jones Moreira – TV 3.0

Tom Jones Moreira é membro do Grupo de Trabalho 3.0 da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET) e da Future of Broadcast TV (FOBTV)

Por Redação

Por Victor Piiroja

A Panorama Audiovisual conversou com Tom Jones Moreira, profissional do setor de tecnologia e mídias emergentes, que desempenha papéis estratégicos na implementação de soluções avançadas em sistemas como IPTV, ISDB-T, DVB-S, OTT e TV 3.0, além de coordenar equipes multidisciplinares na engenharia de aplicação da Tecsys do Brasil. Moreira é Mestre em Ciência de Dados, Pós-Graduado em Gestão de Projetos e possui um MBA na área. Além disso, é desenvolvedor de artigos técnicos-científicos e painelista em eventos do setor, contribuindo ativamente para a disseminação de conhecimento e o avanço tecnológico. Como membro do Grupo de Trabalho 3.0 da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET) e da Future of Broadcast TV (FOBTV), também atua como Revisor Técnico da revista da SET, destacando-se na análise crítica e no desenvolvimento de padrões para a evolução das transmissões de TV.

Como você define a TV 3.0 e o que a diferencia da atual TV digital no Brasil?
Tom Jones Moreira:
A TV 3.0 (nossa DTV+) não é apenas uma atualização técnica da TV digital atual (ISDB-T), mas uma transformação que alinha a transmissão televisiva às tendências de consumo modernas, promovendo maior qualidade, personalização e interatividade. Essa mudança reflete as demandas de um público cada vez mais conectado e exigente, posicionando o Brasil na vanguarda tecnológica da televisão global. Além disso, a TV 3.0 é o que chamamos de Hybridcast, uma tecnologia que une a TV aberta (RF) com os recursos avançados da internet (broadband).

Quais tecnologias fundamentais sustentam a TV 3.0, e como elas se comparam aos padrões internacionais?
Tom Jones Moreira:
O Brasil fez história em 2007, quando testamos de forma conjunta todos os sistemas de TV digital que existiam na época no mundo. A partir desses testes, decidimos adotar o ISDB-T com modificações. Agora, novamente, realizamos uma série de testes que culminaram na escolha das melhores tecnologias, como o áudio com MPEG-H, a compressão de vídeo com VVC e H.265, e a utilização do HDR10. Tudo isso é baseado em uma camada de transporte ROUTE/DASH, que, de forma simplificada, é o padrão utilizado pela maioria das plataformas de streaming no mundo.

Como sempre, fizemos adaptações que refletem o grande diferencial da academia brasileira, implementando melhorias significativas. Um exemplo é a escolha da camada física de RF, baseada no padrão ATSC 3.0, mas que recebeu modificações para incorporar tecnologias como MIMO (Multiple-Input Multiple-Output), LDM (Layered Division Multiplexing) e TXId (Transmissor Identifier).

É importante ressaltar que a DTV+, nossa TV 3.0, não é simplesmente o ATSC 3.0. Isso significa que um receptor dos Estados Unidos, por exemplo, não funcionará no Brasil, já que o nosso padrão foi desenvolvido de forma independente. Apenas uma parte utiliza o ATSC 3.0, enquanto todas as outras demandam codificadores e decodificadores específicos da DTV+.

Essas inovações, quando implementadas, tornarão a TV 3.0 do Brasil um sistema de TV digital único, capaz de integrar alta eficiência espectral com flexibilidade de transmissão e recepção. Isso permitirá uma cobertura mais eficiente, com melhor desempenho em áreas urbanas densas e regiões afastadas, graças à combinação de LDM e MIMO, maior robustez do sinal, com redução de interferências e maior estabilidade em condições adversas, e capacidade de oferecer múltiplos serviços, como transmissão simultânea de conteúdos em diferentes resoluções ou idiomas, otimizando o uso do espectro. Além disso, essas tecnologias posicionam a TV 3.0 como um sistema altamente competitivo no cenário global, reafirmando o Brasil como líder em inovação televisiva.

Quais são os principais desafios técnicos e logísticos para a implantação da TV 3.0 no Brasil, considerando nosso território e infraestrutura?
Tom Jones Moreira:
Excelente pergunta. Os desafios são muitos, e sempre procuro destacar alguns pontos importantes sobre eles. Os desafios técnicos começam pela implementação da tecnologia MIMO. Não existe, em nenhuma parte do mundo, o uso de MIMO para radiodifusão. Assim, a utilização tanto de antenas de transmissão 2×2 quanto de receptores com tuners apropriados é um dos principais desafios técnicos que enfrentaremos.

Antes disso, porém, precisamos lidar com o desafio da canalização da faixa de frequência para comportar o período de simulcast em todas as cidades. Hoje, a TV digital atual (nosso ISDB-T) já está implantada em 100% das capitais. Cidades como São Paulo, por exemplo, praticamente não têm espectro sobrando para acomodar o mesmo número de canais de TV 3.0 que temos atualmente em ISDB-T. Por isso, a Anatel está realizando estudos detalhados para encontrar soluções técnicas e viáveis para essa etapa de transição.

Outro ponto crucial é a oficialização, pelo governo, das tecnologias propostas pelo Fórum ISDB-T. O Fórum realiza estudos e testes técnicos e apresenta propostas, mas não tem poder de decisão. Cabe ao governo definir se essas propostas serão acatadas ou não. Além disso, ainda precisamos saber se o modelo de adoção da TV 3.0 será mandatório ou voluntário, como aconteceu nos Estados Unidos.

Apesar dessas incertezas, há notícias animadoras vindas do próprio governo, que indicam que a oficialização é apenas uma formalidade. Já foram destinados recursos para duas estações experimentais de TV 3.0: uma em Brasília e outra em São Paulo. Essas estações funcionarão como grandes laboratórios, tanto para emissoras quanto para pesquisadores, permitindo testar na prática todas as tecnologias selecionadas para a TV 3.0.

De que forma o custo de adaptação para os broadcasters e os consumidores pode impactar o cronograma de adoção da TV 3.0?
Tom Jones Moreira:
Seria ótimo se já tivéssemos um cronograma de adoção definido, mas, até o momento, isso ainda não existe. De qualquer forma, entendo sua pergunta como uma reflexão sobre os custos da adoção da TV 3.0 e se eles podem ser considerados proibitivos. A TV 3.0 representa uma ruptura de paradigmas em diversos aspectos, desde o fim de um modelo orientado por canais para uma televisão baseada em aplicativos até a forma de implantação escalável. Esse novo modelo prevê a substituição da atual estrutura descentralizada, onde cada emissora e afiliada precisa de seus próprios encoders, multiplexadores e outros equipamentos. Com a TV 3.0, espera-se adotar uma infraestrutura centralizada, com um core de rede único.

Nesse modelo, tanto a emissora matriz quanto suas afiliadas enviariam seus sinais para serem “formatados” no core para a TV 3.0. Esse mesmo core seria responsável por distribuir o sinal de broadcast (para os transmissores das afiliadas) e o sinal de broadband (internet), alimentando redes de distribuição de conteúdo (CDNs). Essa arquitetura centralizada e escalável promete aumentar a eficiência operacional, facilitar a gestão e reduzir significativamente os custos de implantação.

Além disso, há um desdobramento interessante nesse modelo: a possibilidade de um core de TV 3.0 de uma emissora A receber os sinais de suas afiliadas e também de outra emissora B, permitindo o compartilhamento de infraestrutura. Essa ideia de compartilhamento de infraestrutura é um modelo que foi aprendido durante o projeto da SEJA Digital, que inclusive hoje também está responsável pelo desenvolvimento da implantação da TV 3.0, a começar pelas estações experimentais que teremos em Brasília e São Paulo.

Como o setor público e privado estão colaborando para garantir a inclusão digital durante essa transição tecnológica?
Tom Jones Moreira:
O governo tem desempenhado seu papel no que diz respeito às mudanças regulatórias necessárias e, de forma positiva, está corrigindo erros do passado, como no caso da multiprogramação. Apesar de o ISDB-T ser amplamente utilizado na América Latina e a multiprogramação ser vista como uma vantagem nos países que adotaram o padrão, o Brasil foi o único em que essa funcionalidade precisou de uma “pandemia” para ser liberada para todas as emissoras, ainda assim com ressalvas. Em conversas recentes, o governo tem mostrado uma postura mais colaborativa em relação ao setor de radiodifusão. No entanto, a ajuda esperada em forma de incentivos fiscais e financeiros ainda não se concretizou, embora haja a expectativa de que isso possa mudar no futuro.

Por outro lado, a iniciativa privada, que abrange emissoras, fabricantes de receptores e transmissores, entre outros, está aguardando a definição das normas ABNT para a TV 3.0. Sem essas normas, os fabricantes não conseguem estimar com precisão os custos de memória, processamento e outros requisitos necessários para implementar a tecnologia de maneira mercadológica, e não apenas experimental, como tem sido até agora.

Quais são as novas possibilidades que a TV 3.0 oferece para broadcasters, anunciantes e criadores de conteúdo?
Tom Jones Moreira:
Esse é, sem dúvida, um divisor de águas em termos de inovação para a TV aberta. A TV 3.0 abre um campo vasto de novas possibilidades de negócios. Para os anunciantes, a TV 3.0 traz a publicidade direcionada. Graças à sua capacidade de operar como uma TV híbrida, que permite medições de audiência em tempo real, as emissoras poderão oferecer anúncios personalizados, aumentando a relevância das campanhas publicitárias. Além disso, esse novo modelo possibilita métricas detalhadas, como o engajamento da campanha e o número de interações com o anúncio, algo que hoje só encontramos em campanhas realizadas pela internet. Dessa forma, saímos do modelo tradicional de venda de “horários comerciais” para um formato baseado em clicks per thousand (CPM), alinhando a TV aberta aos modelos de publicidade digital.

Outra inovação para os anunciantes está na possibilidade de substituir os tradicionais “horários comerciais” por merchandising interativo. Durante programas ao vivo, por exemplo, será possível incorporar elementos como códigos de barras ou QR codes que permitam a interação em tempo real com os telespectadores, que podem ser vistos como “teleparticipantes” no contexto da TV 3.0. Essa abordagem cria um novo nível de engajamento e oferece uma experiência mais rica e personalizada tanto para o público quanto para os anunciantes.

Para as emissoras, uma nova fonte de receita está sendo apontada com o que está sendo chamado de datacasting. No contexto da TV 3.0, datacasting refere-se ao uso do canal de transmissão de TV para enviar dados além do conteúdo tradicional de vídeo e áudio. Isso é viável porque teremos maior data rate dentro da mesma banda de 6 MHz. Lembra-se da MIMO, que dobra a capacidade de dados a serem transmitidos? Agora, com tudo baseado em IP, a TV 3.0 pode se transformar em uma espécie de “rede de dados”, capaz de transportar uma grande variedade de conteúdos.

Alguns exemplos de aplicações de datacasting incluem a atualização de software e envio de dados para dispositivos como carros elétricos e veículos autônomos. Também há a possibilidade de desafogar o tráfego das CDNs, já que os radiodifusores poderão firmar contratos de aluguel de dados para transmitir o sinal de eventos ao vivo, especialmente em situações em que as redes de dados e CDNs, fundamentais para os serviços de streaming, ficam sobrecarregadas.

Podemos esperar um aumento no número de canais e conteúdos mais segmentados com a chegada da TV 3.0? Como isso deve impactar o mercado de mídia?
Tom Jones Moreira:
Esse é um ponto importante a se considerar, mas ainda não sabemos como o mercado vai utilizar toda a taxa de dados disponível. Para se ter uma ideia, a TV Digital atual opera com uma média de 12 Mbps (estamos falando de um sinal HD, mais 1OneSeg, tabelas, e isso é tudo). Já na TV 3.0, essa média deve subir para 30 Mbps. Ou seja, com as escolhas e configurações corretas, podemos ter cinco canais HD de 6 Mbps ou ainda podemos usar esses mesmos 30 Mbps para gerar dois serviços 4K (3840×2160 pixels) ou um serviço 8K com 27 Mbps.

Conhecendo bem os radiodifusores brasileiros, acredito que cinco canais HD devem gerar mais receita publicitária (no novo modelo de DAI ou merchandising) do que um canal 8K. A questão é como produzir tanto conteúdo para gerar cinco serviços. Isso deve impactar positivamente todo o mercado. No entanto, não podemos esquecer que tudo depende do tempo e amadurecimento. À medida que os recursos forem aparecendo, novas demandas como essa devem surgir também.

Como os broadcasters tradicionais podem alavancar a interatividade e os recursos híbridos da TV 3.0 para competir com plataformas de streaming?
Tom Jones Moreira:
A competição hoje não existe no formato de produção contra as plataformas de streaming, mas sim no formato de “apresentação”. Ou seja, tudo na TV aberta é linear: você tem que esperar um programa acabar para assistir ao próximo, algo que nas plataformas de streaming é uma comodidade, pois elas permitem que o usuário assista quando, como e onde quiser.

Com a TV 3.0, os broadcasters tradicionais poderão oferecer seu conteúdo de forma não linear (o que talvez só faça sentido para produções ao vivo, como telejornais e jogos) e dar ao público a capacidade de escolher qual programa assistir, voltar ao início de um capítulo de novela, caso tenha chegado atrasado em casa, entre outras opções. A figura abaixo mostra um exemplo disso, que foi a demonstração do stand do Fórum ISDBT na última SET EXPO 2024. Nela, vemos que dentro da grade linear de tempo, temos serviços que oferecem, por exemplo: “veja do início”, “assista agora” e “ao vivo”, ou seja, conteúdos que só podem ser vistos quando o programa começar. Dessa forma, a TV 3.0 coloca os broadcasters de volta ao jogo.

Uma coisa que gostaria de contextualizar aqui é que a TV 3.0 não tem o objetivo de trazer o “público perdido” ou novos telespectadores. Vejo muitas pessoas dizendo coisas como: “Para que tanto investimento, ninguém mais vê TV aberta”. Porém, esse não é o fato. As pesquisas mostram que a TV aberta ainda é a plataforma dominante, com mais de 70% do consumo total de vídeo (dados de 2023).

Existe sim 30% da população que é chamada de “inalcançáveis”, ou seja, aquelas pessoas que não assistem nem um minuto de TV aberta durante qualquer período. Esse público realmente não pode ser alcançado, mas a TV 3.0 não veio para eles. Ela veio para os outros 70%, que são a grande maioria.

Quais mudanças acredita que a TV 3.0 trará para o consumo de mídia no Brasil nos próximos cinco anos?
Tom Jones Moreira:
Antes de falar das mudanças, acho importante mencionar a “atualização” que o mercado de radiodifusão realmente precisa passar. Com a TV 3.0, a TV aberta será definitivamente inserida na economia digital, integrando em um único ecossistema os atributos de broadcast e broadband que tanto falamos aqui.

Mas e o capital humano? Ele precisa passar por uma capacitação e atualização muito importante para lidar e usufruir de todo esse potencial que estamos discutindo. Desde as equipes de engenharia, que terão que abandonar o modelo tradicional de transporte de sinais por TS e passar a lidar com metadados do protocolo ROUTE/DASH, até as equipes de vendas, que estão acostumadas ao modelo ultrapassado de venda de anúncios por slots de tempo e terão que adotar um modelo consultivo de venda. Essas equipes precisarão ser capazes de realizar um estudo abrangente do produto anunciado, identificando para qual classe, gênero e idade ele se destina, e tudo isso dentro do sinal de cobertura da emissora.

O que estou dizendo é que a TV 3.0 é apenas a ponta do iceberg de mudanças que o setor de radiodifusão precisa passar para se manter relevante dentro de um cenário onde as plataformas digitais estão indo além do streaming, com vídeo 360 graus, inteligência artificial para produção e pós-produção, e realidade virtual misturada com realidade aumentada.

Como vê o futuro da televisão no Brasil e no mundo em meio à convergência tecnológica da TV 3.0 e outras plataformas digitais?
Tom Jones Moreira:
Eu faço parte do comitê FOBTV (Future of Broadcast TV), uma associação internacional sem fins lucrativos que desenvolve tecnologias para sistemas de radiodifusão terrestre de próxima geração e reúne especialistas de todo o mundo. Tenho acompanhado de perto os esforços pelo futuro da TV e posso dizer que, muito mais importante do que ter um discurso voltado para a tecnologia, é ter um foco cada vez maior na experiência do usuário no que tange à qualidade e usabilidade. Por exemplo, o controle remoto simplesmente não tem acompanhado a evolução que as interfaces dos televisores oferecem; ele é praticamente uma vergonha alheia. O próprio aparelho que chamamos de Smart TV não é tão “smart” assim, e eu sou um feroz ativista contra o que chamo de “Ditadura dos Displays”, onde ano após ano são oferecidas mais das mesmas coisas, ou seja, telas maiores para os mesmos ganhos de definição de imagem 4K, 8K, HDR10 etc.

Mas sabe a verdade? O 4K surgiu em 2003 com a Sony, e o 8K já está por aí desde 2019, e até hoje não podemos dizer que estejam popularizados, mas não são mais uma “inovação”. Porém, todo ano “nasce” uma TV (smart) com tela maior, oferecendo as mesmas definições como se o crescimento da tela fosse algo inovador. A Ditadura dos Displays trata-se exatamente disso: telas cada vez maiores para pessoas com espaços cada vez menores. Precisamos quebrar esse ciclo vicioso da indústria e lutar por mais integração e menos dimensão.

Vou dar um exemplo de inovação verdadeira que poderia já estar rodando hoje. Mas, seja pela miopia dos fabricantes de TV (que agora concorrem com seus canais FAST e venda de anúncios) ou pela incapacidade mesmo da TV a cabo com seus set-top boxes engessados, não conseguem ver que poderíamos oferecer a todos os usuários que têm esses conteúdos de streaming subdivididos em apps (Netflix, Disney+, Max etc.) a opção de agregar em uma “Biblioteca Pessoal” os conteúdos que mais gostam de assistir, algo muito semelhante ao que fazemos no Spotify hoje. Quando você reúne Iron Maiden, CMP22 e Anitta em uma mesma playlist, você não se pergunta de qual gravadora essas bandas estão vindo. Você simplesmente as coloca na sua playlist pessoal (duvidosa, haha) e escuta quando, como e onde quiser. Por que não poderíamos fazer o mesmo e criar uma “TV do Usuário”, que nada mais seria do que os conteúdos que ele escolhe, dos serviços que ele já assina, todos ali prontos para serem consumidos dentro da sua própria “Filmoteca”? Netflix, Disney+, Max continuariam a entregar seus conteúdos, mas com a diferença de que agora estariam muito mais acessíveis.

Vai me dizer que não temos tecnologia para criar um simples agregador de conteúdo como esse, se tudo vem pelo IP e já está autorizado pelo app de cada plataforma? O que falta, como disse, é um real interesse na experiência do usuário. E pode esperar, porque a TV 3.0 vai oferecer algo muito próximo disso. O futuro da televisão, tanto no Brasil quanto no mundo, está intimamente ligado à convergência tecnológica proporcionada por padrões avançados como a TV 3.0. Essa convergência deve transformar a TV de uma simples plataforma de transmissão linear (aprisionada em um display) para um verdadeiro hub digital multifuncional, integrando as capacidades da internet e de dispositivos conectados, a famosa Internet das Coisas (IoT).

Por fim, a TV não desaparecerá, mas mudará profundamente. Ela evoluirá para ser uma plataforma multifuncional, combinando conteúdo ao vivo (esportes, noticiários), onde ainda é imbatível, conteúdo sob demanda, integrando-se mais fortemente a serviços OTT, e entrega de dados e serviços adicionais, como datacasting, e-commerce e recursos educacionais. No Brasil, especificamente, a TV 3.0 tem o potencial de equilibrar inovação tecnológica com inclusão digital, tornando-se um modelo para outros países. A convergência tecnológica coloca a televisão no centro de um ecossistema mais amplo, capaz de se adaptar e crescer em um mundo cada vez mais conectado.

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