O colorista sênior Siggy Ferstl está sempre pronto para enfrentar desafios e aproveitar oportunidades. Com créditos em projetos como “The Boys” e a série derivada “Gen V” do Prime Video, “Wandinha” e “Narcos” da Netflix e o altamente inovador “Togo” da Disney, ele recentemente terminou de trabalhar em “Dezesseis Facadas” do Prime Video, estrelado por Kiernan Shipka.
Trinta e cinco anos depois do chocante assassinato de três adolescentes, o infame assassino retorna na noite Halloween para fazer uma quarta vítima. Quando Jamie, de 17 anos, se depara com o maníaco mascarado, ela acidentalmente viaja no tempo para 1987. Forçada a se adaptar a uma cultura desconhecida, Jamie une forças com sua mãe adolescente para derrotar o psicopata de uma vez por todas.
Ferstl fala sobre o seu trabalho em “Dezesseis Facadas” e o processo de tratamento de cores no software de edição, gradação de cores, efeitos visuais (VFX) e pós-produção de áudio DaVinci Resolve Studio.
“Dezesseis Facadas” é primariamente um filme de comédia, terror ou os dois?
Ferstl: Ele definitivamente atravessa os dois gêneros. Não é exclusivamente uma coisa ou outra. Ele referencia um tipo de filme de terror que era popular nos anos 80 e também ocasionalmente faz piadas sobre como as pessoas se comportavam e falavam, da linguagem que era usada e da inadequação de certos aspectos dos anos 80 em relação aos dias de hoje. Em parte, ele também traz uma mensagem sobre essa inadequação. Sobretudo, é um filme divertido com partes assustadoras e partes divertidas.
Como você direcionou suas escolhas em termos da representação das cores para os anos 80 em comparação com os dias de hoje? Você estava pensando mais em termos de filmes dos anos 80 ou simplesmente no período em si?
Ferstl: Alguns aspectos estilísticos da época foram feitos em câmera, como os elementos práticos e de design que foram estilizados para refletir o período. Isso realmente influenciou o visual. Eles queriam uma imagem atraente e simples para o presente, com cores e contraste sólidos, de forma que a transição e a comparação entre os dois períodos não parecessem artificiais. Mas criamos um visual diferente para os anos 80. Contribuímos para isso adicionando um pouquinho mais de brilho, saturação e calor a tudo, especialmente na primeira vez que a personagem da Kiernan sai da máquina do tempo, que essencialmente é uma cabine de fotos antiga, e entra no parque de diversões.
À medida que ela fecha a cortina, há essa mudança na exposição. Aumentamos muito a exposição para que tudo ficasse claro e também quente e saturado. O efeito é como se os olhos dela estivessem passando por uma reinicialização completa. E então, reduzimos lentamente a exposição para um determinado nível de saturação e calor que usamos para todas as cenas dos anos 80.
Você chegou a pensar em filmes específicos da época, ou foi menos específico que isso?
Ferstl: Não. As películas da época tinham um contraste elevado, mas não queríamos esse nível de contraste. Focamos nas cores e nos valores das cores. Brincamos um pouco com emulações de películas cinematográficas, mas percebemos que ficava contrastado demais.
A ideia era apenas criar uma diferença, já que o filme corta constantemente entre os dias atuais e os anos 80 e precisávamos sentir essa mudança. Era mais sobre brincar um pouco com isso do que sobre ser muito literal.
O que mais você fez durante o tratamento para diferenciar os dois looks?
Ferstl: Há os dias atuais no parque de diversão e também os anos 80 na mesma locação. Abandonado, envelhecido e castigado pelo tempo, o local no presente emana uma atmosfera sinistra, com sua estrutura dilapidada. Saindo desse parque de diversões abandonado, sombrio e cercado do presente, você entra em um lugar vibrante, repleto de vida e cor. O look realmente brinca com isso. Os dois visuais para a locação do parque de diversões nos permitiram exagerar um pouco esses dois aspectos dessas eras diferentes.
Do ponto de vista da gradação de cores, você encontrava os elementos no quadro e os tornava mais coloridos ou mais contrastados?
Ferstl: Quando você entra no parque, há um castor mecânico que é meio que um mascote. Ele girava, falava e dava boas-vindas as pessoas chegando e coisas do tipo. No presente, ele está coberto de fezes de pássaros e parece terrível. Quando retornamos aos anos 80, ele funciona, fala e está limpo e brilhando. Para ajudar com isso, eu usava a máscara mágica para isolá-lo e adicionávamos um pouco de contraste e saturação, dependendo do clima e da hora do dia. E depois fazíamos o oposto para os anos 80. Isolávamos ele da mesma forma e acrescentávamos um pouco de brilho e cor para deixá-lo novinho e brilhando.
Utilizamos muito a máscara mágica ao longo do filme, e os planos com esse mascote são excelentes exemplos de onde ela pode ser muito útil. Geralmente, para afetar apenas o mascote, eu provavelmente teria usado uma máscara de spline. Mas como ele gira, e a câmera está se movendo, levaria horas apenas para fazer isso ficar certinho. Uma máscara mágica pode fazer isso muito rapidamente se você souber como utilizá-la. Levou cerca de 30 segundos por plano para fazermos isso aqui na Company 3. Obviamente, temos uma enorme quantidade de potência de GPU, então os resultados podem variar. Mas certamente é muito mais rápido qualificar elementos específicos no quadro com a máscara mágica no DaVinci do que era possível antes.
Você utilizou o DaVinci Resolve para algum tipo de trabalho VFX?
Ferstl: Para a cena de abertura do filme, é Halloween, e os cineastas criaram um plano de estabelecimento grandioso de uma vizinhança bucólica no interior, com as ruas ladeadas por árvores. A câmera desce com um guindaste e se move para a frente de uma casa. É um plano bonito, mas lamentavelmente, o vasto espaço do céu não oferecia muitos elementos visuais interessantes. Eles tiveram que filmar quando o céu estava totalmente branco. E como era o plano de abertura, eles queriam deixá-lo mais dramático. Então, eu usei a ferramenta de substituição de céu e criei um céu de final de tarde/início de noite com muita cor.
Em seguida, pude rastrear o céu e adicionar o sol ao plano e depois usei a ferramenta Open FX de reflexo de luz para ajudar a integrar tudo. À medida que a câmera movia, o sol desaparecia atrás das árvores e eu adicionava um pouco do belo efeito Open FX de brilho ao redor do sol. Isso ajudou a combinar os elementos e serviu como o toque final perfeito para esse plano já belíssimo.
A distinção entre VFX e colorização torna-se cada vez mais tênue. Houve outros exemplos disso em “Dezesseis Facadas”?
Ferstl: Há uma cena em que o assassino está no Quantum Drop, um brinquedo giratório onde as pessoas entram e são submetidas a uma forte força centrífuga, com o piso desaparecendo momentaneamente sob seus pés. Tudo que você consegue ver do lado de fora do brinquedo foi filmado com uma tela verde e composto como VFX. Para intensificar o efeito, isolei algumas luzes que você vê girando do lado de fora e configurei o Resolve para que elas acionassem um brilho que se misturava à iluminação interna do brinquedo. Isso ajudou a integrar o primeiro e o segundo plano muito bem.
Sentimos que outra questão sobre a cena era que ela necessitava de um pouco mais de energia. Utilizei as ferramentas do DaVinci para criar um efeito gradual de tremulação de câmera e cintilação de luz, contribuindo para fazer o brinquedo parecer cada vez mais intenso e dramático. À medida que ele começava a girar cada vez mais rápido, aumentávamos os efeitos de cintilação de luz e tremulação de câmera até o término da cena. Isso injetou uma dose extra de energia e dramaticidade.
“Dezesseis Facadas” está disponível no Prime Video.
Site relacionado: https://www.blackmagicdesign.com/
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[…] , 2024-01-22 01:40:38 ou clique aqui, para ler na íntegra. O material RSS “Siggy Ferstl da Company 3 revela como tratou as cores de Dezesseis Facadas do […]
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