A Telefe iniciou um processo gradual de migração para a arquitetura IP, planejado para durar cerca de cinco anos. O foco inicial foi o centro da operação: as matrizes de vídeo e áudio. Para orquestrar essa mudança, a emissora escolheu a plataforma Strada, da EVS, integrada ao sistema de gestão Cerebrum.
Guillermo Niemetz, supervisor de engenharia da Telefe, destaca que a decisão foi estratégica, visando acompanhar a evolução das tecnologias de transporte de vídeo para ambientes IP e alinhar-se aos padrões mais modernos do setor de broadcast. “A emissora opera atualmente em SDI, mas com a tendência clara da indústria em direção às arquiteturas IP, precisamos fazer essa atualização para garantir nossa competitividade”, afirma Niemetz.
Em 2016, a Telefe transferiu suas operações de Buenos Aires para a zona norte da província, mantendo uma matriz de vídeo SDI de 576×1152 e uma matriz MADI/AES de 288×288, ambas controladas pelo NV9000. De acordo com Niemetz, a migração começou pelo núcleo do sistema, uma abordagem menos comum, pois normalmente a transição começa pela produção. “Optamos por começar pela parte mais robusta e crítica, garantindo que o núcleo do sistema se integrasse à nova arquitetura IP sem comprometer a continuidade do serviço”, explica o supervisor.

O plano inicial incluiu a aquisição do orquestrador Cerebrum da EVS, switches Arista Networks 7280R3 (funcionando como spin/leaf) e gateways EVS Neuron para conversão bidirecional entre SDI e IP (SMPTE 2110). Esse conjunto de tecnologias estabeleceu um novo backbone híbrido de vídeo, áudio e dados, que coexistiria com o legado SDI até a transição completa.
Para Eduardo de Nucci, CEO da Viditec, integradora e parceira exclusiva da EVS na Argentina, a escolha do Cerebrum foi um ponto crítico. A plataforma da EVS é capaz de controlar simultaneamente matrizes SDI e switches Ethernet em um sistema híbrido. “Colocamos diversas marcas à prova e a EVS foi uma das poucas que conseguimos usar para controlar nossa matriz SDI e todos os dispositivos em um único orquestrador”, comenta Niemetz.
Outro fator de destaque foi a eficiência do sistema. O Broadcast Controller da EVS utiliza três servidores, contra seis da concorrência, além de contar com Gateways SDI-IP de alta densidade por rack, economizando espaço, energia e custos de manutenção. A solução também oferece monitoramento SNMP e APIs para integração com diferentes produtos do mercado.
A Strada é uma solução flexível e escalável para roteamento IP e SDI, que pode ser ajustada para operações de pequeno a grande porte. Com o Cerebrum como núcleo, a plataforma oferece um ambiente unificado de controle e orquestração. “O Strada permite que trabalhemos em SDI, IP ou em um modelo híbrido, e a transição pode ser feita gradualmente sem impactar a operação”, afirma Niemetz.
A arquitetura do Strada suporta múltiplos protocolos, como NMOS, SDP e Ember+, e adota um modelo de licenciamento agnóstico. Isso significa que a emissora pode utilizar qualquer dispositivo compatível com mais de 250 protocolos, sem depender de drivers específicos.
O Cerebrum é um sistema completo de controle de broadcast (BCS), capaz de gerenciar, configurar, orquestrar e monitorar qualquer ambiente de transmissão, seja SDI, IP ou híbrido. “O Cerebrum nos oferece uma plataforma escalável que atende tanto às nossas necessidades atuais quanto às futuras”, destaca Alfredo Cabrera, VP de Vendas da EVS para a América Latina.
Entre seus principais benefícios estão: adaptação a diferentes cenários, desde pequenas configurações até fluxos de trabalho complexos e multi-site; roteamento avançado simplificado, com o núcleo Routemaster, que integra qualquer fluxo de trabalho, seja SDI, IP ou híbrido; licenciamento agnóstico, com licenças flexíveis para qualquer dispositivo; e interface altamente personalizável, que permite criar templates e painéis de controle personalizados, inclusive em modo offline.
A implementação do sistema envolveu dois meses de preparação e apenas duas semanas de trabalho no local, divididas entre configuração e capacitação das equipes técnicas. Niemetz enfatiza que, além da transição tecnológica, houve uma mudança cultural na equipe da Telefe. “A operação IP elimina componentes tradicionais como o patch panel, o que pode deixar a equipe ‘cega’. Por isso, ferramentas de monitoramento como Arista CloudVision se tornaram essenciais”, explica o executivo.
O objetivo é atingir 100% de operação em IP em aproximadamente cinco anos, abrangendo produção, pós-produção, monitoramento e integração com fluxos de trabalho de streaming. A migração para IP coloca a Telefe em uma posição estratégica para adotar soluções futuras, aproveitando ao máximo as inovações do setor.
A Viditec desempenhou um papel decisivo como integradora, conectando as necessidades da Telefe com a proposta da SVE. Niemetz resume: “Estamos realmente parecendo com a forma como a EVS, junto com a Viditec, levaram adiante este projeto, com tanto profissionalismo e paixão”.
O resultado é uma base sólida para que a operação técnica da Telefe seja cada vez mais flexível, escalável e preparada para o futuro da transmissão. Como destaca De Nucci: “Este é um processo passo a passo, por orçamento, por tempo e por aprendizado… mas, uma vez que tudo esteja em IP, abra-se um mundo de possibilidades”.
Site relacionado: https://evs.com/
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