A Avid, assim como muitas outras empresas no campo da mídia e transmissão, tem enfrentado uma mudança de paradigma no setor de mídia e transmissão. Produção remota, nuvem, descentralização e colaboração são apenas quatro dos conceitos que redefiniram a forma de compreender os processos de produção e pós-produção no cinema e televisão. No horizonte, há vários outros conceitos (virtualização, inteligência artificial, edge…) que continuarão trazendo novos desafios para equipes técnicas e fornecedores de soluções.
Jeff Rosica, nomeado CEO da Avid em 2018 após a saída de Louis Hernández Jr., assumiu a posição de liderança em um período tumultuado, mas repleto de oportunidades. Dez anos após ingressar na empresa, ele não apenas liderou a transformação das soluções, mas também impulsionou a mudança no modelo de negócios da empresa, que agora se concentra nos modelos SaaS (software como serviço) da indústria.
A Avid tem enfrentado os últimos anos com solidez e sucesso, mesmo diante das mudanças de paradigma enfrentadas por seus clientes e da própria transformação nos modelos de negócios da empresa. A indústria como um todo passou por diversas oportunidades e desafios, como a pandemia, problemas na cadeia de suprimentos e a guerra na Ucrânia. Um terço da equipe de pesquisa e desenvolvimento da Avid está localizado em Kiev, observou Rosica.
Apesar dos desafios, os últimos quatro anos foram interessantes para a empresa, que conseguiu aprender bastante e refinar sua estratégia. A Avid enfatizou a aceleração da inovação nesse período, aproveitando a oportunidade para explorar novas formas de trabalho e avançar rumo ao futuro da indústria. Embora a ideia de trabalhar de qualquer lugar não seja nova, a chegada da Covid-19 permitiu que a empresa experimentasse novas abordagens e se aproximasse do que pode ser o futuro do setor.
“Acredito que a nuvem tem um papel muito importante no futuro da indústria de mídia e transmissão, mas também acredito que a infraestrutura local ainda terá um papel relevante. A nuvem não é para todos, e não será para todos. Há casos em que a nuvem é a solução perfeita, e outros em que as empresas preferem ter uma infraestrutura local para ter mais controle e garantir a segurança dos dados”, destaca Rosica.
“Para nós, é importante oferecer uma solução flexível que se adapte às necessidades de cada cliente. Portanto, continuaremos a investir na nuvem e em nossas soluções SaaS, mas também manteremos um forte compromisso com a infraestrutura local. Além disso, acreditamos que a colaboração é um aspecto fundamental da indústria e, nesse sentido, a nuvem oferece uma ótima oportunidade para as equipes trabalharem de forma colaborativa, independentemente de sua localização física”, acrescenta.
A inteligência artificial (IA) é outro aspecto que tem recebido muita atenção nos últimos anos e, de acordo com o CEO da Avid, é e será fundamental para a indústria de mídia e transmissão. “Atualmente, vemos a IA sendo usada em várias áreas, como edição automática de vídeos, reconhecimento de fala, identificação e marcação de conteúdo, entre outros. A IA pode trazer muitos benefícios para a indústria, automatizando tarefas repetitivas e permitindo que as equipes se concentrem em aspectos mais criativos e estratégicos do processo de produção”.
No entanto, também é importante ter em mente que a IA não substituirá os profissionais humanos. “Trabalhará em conjunto com eles, complementando suas habilidades e agilizando o trabalho. É uma ferramenta poderosa que pode impulsionar a eficiência e a inovação na indústria. A Avid está investindo em IA e temos projetos em andamento nessa área. Estamos trabalhando em parceria com outras empresas e instituições para desenvolver soluções inovadoras que aproveitem todo o potencial da IA”, adianta Rosica. “Acredito que a nuvem e a IA são dois elementos-chave que moldarão o futuro da indústria de mídia e transmissão”.
No mercado extremamente competitivo da transmissão e mídia, onde existem várias alternativas, a Avid quer continuar competitiva. “O que realmente importa é focar nas necessidades de nossos clientes. O motivo pelo qual investimos em tecnologia é para resolver uma necessidade ou problema, e queremos estar prontos para solucionar esses problemas. Acredito que, se continuarmos nessa linha, poderemos continuar tão fortes como até agora”, aposta Rosica.
A Avid, segundo ele, está em uma posição única em relação a muitos concorrentes. “Somos uma empresa que se preocupa diariamente com as necessidades de transmissoras, estúdios de pós-produção, produtores e empresas do setor de mídia. E podemos fazer isso focando em suas necessidades criativas, fluxo de trabalho e negócios, que têm sido a principal força da Avid há décadas. Aqui estamos nós, 35 anos depois, na primeira posição, especialmente em relação à pós-produção, notícias e esportes”.
Sobre lidar com o surgimento e a consolidação de editores não lineares gratuitos, Rosica concorda que não é algo novo. “O que realmente importa é fornecer as ferramentas de que os profissionais ou empresas precisam. Isso é o que nos diferencia e nos torna competitivos”.
Se o termo em destaque atualmente é a inteligência artificial, Rosica não entrega a forma que está explorando o desenvolvimento para agilizar e otimizar os processos. “A inteligência artificial tem estado conosco há algum tempo. Por exemplo, já faz um ano e meio que integramos a tecnologia de IA da Azure no MediaCentral. Acredito que a chegada do ChatGPT despertou o interesse de todos. A inteligência artificial generativa vai auxiliar na criação de conteúdo. Ela não será uma ferramenta completa para criar um filme ou um formato de televisão, mas certamente ajudará bastante em sua criação”.
De fato, a Avid tem pesquisado o mundo da inteligência artificial há vários anos. “Temos uma equipe dedicada a isso e vemos isso como uma ferramenta muito importante, seja para processos de aprendizado de máquina, geração de algoritmos ou processos generativos”, aponta Rosica, que acredita na relevância da IA para a indústria. “Mas precisamos avançar nessa direção com cautela, porque existem muitas áreas complexas, como questões de segurança ou propriedade intelectual. Não acredito que devamos desacelerar. Apenas precisamos garantir que abordamos todos esses problemas da maneira correta antes de implementar novos elementos”.
A inteligência artificial será uma tecnologia fundamental para a Avid. “Não acredito que vá substituir a criatividade, mas sim promovê-la. É algo que devemos integrar e manejar corretamente como sociedade”, observa Rosica, que também acredita que os usuários profissionais da Avid vão querer aproveitar a IA. “Até mesmo a IA generativa poderá ajudar em muitas áreas. No que diz respeito à música, temos muito trabalho em desenvolvimento sobre progressões de acordes, auxiliando com ritmo ou até mesmo automatizando uma mixagem. Em resumo, fazer com que algo soe melhor”.
Além disso, também pode ser muito útil para criar efeitos em 3D. “Ou imagine que você está filmando uma cena e decide ter um pôr do sol em um campo de golfe. O normal seria ir para um ambiente externo e conseguir essa tomada, mas e se não fosse necessário? A inteligência artificial generativa vai auxiliar na criação de conteúdo. Ela não será uma ferramenta completa para criar um filme ou um formato de televisão, mas ajudará na criação desses processos”.
No entanto, é importante ressaltar que os humanos são importantes. Não devemos esquecer que a IA generativa aprende o que sabe com os humanos, o que leva ao ponto da privacidade e autoria com a inteligência artificial. “Quem é o autor de um conteúdo gerado por IA? Há algo que gera esse conteúdo com base no que foi lido, visto ou ouvido. Existem questões legais e sociais que precisam ser gerenciadas”, conclui.
Fonte: Sergio Julián Gómez (Panorama Audiovisual ESP)
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